Pode isso Arnaldo!


A UAB, União das Associações de Moradores de Caxias do Sul tem o reconhecimento do poder público no que tange à sua representatividade junto à população local, tanto é que em todas as ações da prefeitura, é citada essa parceria, pela relevância e também pelo poder que a mesma tem de aglutinar pessoas e chamá-las a defender os seus direitos e reivindicar soluções para problemas pertinentes à sua vida cotidiana. Mas na prática nem sempre acontece. Invariavelmente, o que está escrito não serve para muita coisa.
Em época de eleições vemos de tudo, gente sem conhecimento de causa falando um monte de coisas sem sentido, o pior vira melhor e o melhor nem é citado, como se o próximo ou o pretendente é o herói da vez.
Nas entidades de classes não poderia ser assim, a isenção deve vir em primeiro lugar, independente da posição pessoal que cada um tem com certeza. Quando se representa uma parcela da população, nem cores, ideologias e nem amores deve vir à tona, uma vez que existe todo um entrelaçamento entre as partes correspondentes, interesses diversos em jogo e também parcerias, convênios e contratos que devem ser isentos de qualquer coisa.

Especificamente falando do representante da UAB, União das Associações de Moradores de Caxias do Sul que se posicionou favorável à candidatura do candidato da Frente Popular no programa eleitoral da Frente Popular. Valdir Walter, que é filiado ao PT, chamou à responsabilidade as autoridades municipais no poder para ações principalmente na área da segurança pública.
É público e notório que os estatutos das entidades veda a participação partidária de seus representantes. Mas o regimento interno reza no âmbito interno? Pode ser isso que esteja escrito, mas enquanto titular, o seu presidente não pode se manifestar, deve ficar neutro.
Certa vez o chefe de um município qualquer salientou que não faria propaganda da sua gestão em determinado veículo de comunicação por entender que não pagaria para alguém ficar falando mal do seu governo. Nesse caso poderia ser aplicada a mesma regra.
Mediante convênio, em abril deste ano a prefeitura fez um repasse de R$ 104 mil dividido em 12 parcelas para a UAB, o que vem sendo feito nos últimos oito anos por esta administração e também, diga-se de passagem, por administrações anteriores.
Em recente entrevista a jornal local, os cinco candidatos falaram que querem a UAB lado a lado, discutindo as demandas e houve unanimidade quanto à importância da entidade para a população e para a cidade.
Temos que tomar cuidado para não nos dispersarmos no meio do caminho. Aconteceu assim com outras agremiações, com a Liga Carnavalesca, por exemplo, onde por longos anos não esteve de acordo com as normas necessárias para o funcionamento e enquadramento para receber as verbas da prefeitura. Todos lembram que houve inúmeras discussões e bate-bocas acirrados. O resultado também todos conhecem. Foi criada uma nova situação, moralizando aquilo que já vinha a muitos anos se deteriorando.
No que tange às lutas e aos posicionamentos, muitas dúvidas quanto ao prosseguimento deste tipo de relação. Assim como o poder público não pode conduzir com represália ou revanchismo as entidades que não são sabidamente favoráveis às administrações, igualmente as entidades não podem se posicionar favorável a essa ou aquela corrente política, pois se abre aí um perigoso precedente para acabar com repasses que são de direito delas. Legitimidade para tal existe, basta voltar à fita e relembrar episódios que não pegaram bem na história da construção política e nas conquistas, até na marra, legítimas.
A população com certeza não vai esquecer, por exemplo, que nos episódios como a greve na saúde, a concessão nos transportes públicos e o aumento das passagens dos ônibus urbanos de Caxias não tiveram sequer uma posição da UAB, nem contrária, nem favorável, deixando de contribuir efetivamente com o debate que poderia, talvez ter outro ou melhor encaminhamento. Ali poderia ser possível aceitar opiniões, seja do presidente da entidade ou da pessoa que, temporariamente a representa.
Política e movimentos comunitários definitivamente não poderiam andar juntos. Mesmo um sendo importante para o outro, está havendo uma ligeira distorção sobre o real interesse e daquilo que deveria ser o foco e o motivo da sua existência.
Acontece muito aqui em Caxias. As associações de moradores estão sendo usadas como comitês políticos em plena luz do dia. Alguns ou quase todos querem visibilidade, notoriedade já pensando mais tarde o seu ingresso em cargos eletivos. Em alguns casos, alguns atuais políticos se adonaram deste espaço, fazendo com que todas as decisões passam necessariamente por eles. Por isso o esvaziamento do movimento comunitário, a população está cansada disso tudo. Não deveria ser assim.
Um líder comunitário deve representar os interesses e levar os anseios da população até a autoridade pública. Não deve ficar a mercê da vontade política desse ou daquele governante e quando estando à frente de alguma entidade representativa, ter autonomia para pleitear as conquistas, mesmo que pessoalmente tenha as suas preferências.
Nesse momento se diferencia o líder comunitário daquele que está ali apenas para dizer amém e colocar os interesses pessoais acima dos interesses da população.

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