Edson segue quebrando paradigmas

Edson da Rosa
Por Laudir Dutra
(laudir43@yahoo.com.br)

CAXIAS DO SUL - O vereador Edson da Rosa ao que parece nasceu para quebrar algumas barreiras imposta por uma sociedade muitas vezes injusta se olharmos para um passado não tão distante.
Há pouco tempo no Brasil nem nos clubes de futebol era permitido o ingresso de negros, mesmo que isso pudesse significar uma visão radical e errada sobre a capacidade de qualquer pessoa, com devido cuidado e profissionalismo, exercer todo tipo de função. Aos poucos foi mudando essa concepção.
A história conta que foi o Clube de Regatas Vasco da Gama do RJ o primeiro a aceitar o negro como atleta profissional e de lá para cá, outros seguiram seu exemplo. Um senhor chamado Edson Arantes de Nascimento é até hoje conhecido mundialmente como o melhor de todos. Pelé reinou em uma época que jogador de futebol não tinha esse glamour todo, não ganhava os absurdos que são pagos hoje, tanto é que o governo federal sancionou projeto de lei que repara isso e faz valer o direito dos atletas que abriram caminho para o Brasil ser reconhecido como o país do futebol receber uma espécie de aposentadoria, por serviços prestados à Seleção Brasileira até 1970.
Aqui por essas terras, Inter e Grêmio demoraram para reconhecer o valor do atleta negro, mas hoje está completamente superado, mesmo que volta e meia um ou outro episódio vêm á tona. Na esfera municipal igualmente de vez em quando surgem alguns resquícios de racismo por parte de torcedores que se manifestam em redes sociais e no campo de jogo, prejudicando o clube.

No Brasil o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Joaquim Barbosa é um dos tantos expoentes da raça negra e bandeira para muitos que acreditam em um país melhor, independente de cor, pela competência e seriedade.
No mundo, recentemente o presidente Barack Obama acaba de ser reeleito para mais um mandato, mostrando sua capacidade administrativa e derrotando um adversário que fez de tudo para desconsiderá-lo, o arrogante republicano Mitt Romney.
O Brasil tem uma história muito bonita, se analisarmos a sua luta e triste sobre o ponto de vista suas trajetórias. Os negros oriundos da África em porões de navios negreiros que sobreviviam, eram vendidos a fazendeiros e senhores dos engenhos que os tratavam de forma cruel.
Em 1850 foi extinto o tráfico de negros no país. Em 1870, a região sul do Brasil foi a primeira a empregar mão de obra assalariada brasileira e estrangeira, mesmo com forte resistência da elite escravagista que alegavam prejuízo, as coisas começaram a acontecer de forma lenta e gradual.
Em 28 de setembro de 1871 veio a Lei do Ventre Livre. Todo filho de escravo que nascesse a partir daquela data era considerado livre.
Em 1885 a Lei Saraiva-Cotegipe viria a beneficiar os negros com mais de 65 anos de idade. Mas só em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel viria assinar a Lei Áurea, que tornaria livre todos os negros dessa terra. Pensam que havia acabado o sofrimento. Que nada, estava apenas começando.
Após a abolição, a vida dos negros continuou muito difícil. O estado brasileiro não se preocupou em oferecer condições para que os ex-escravos pudessem ser inseridos no mercado de trabalho formal e assalariado. Muitos setores da elite brasileira continuaram com o preconceito. Prova disso, foi a preferência pela mão-de-obra europeia, que aumentou muito no Brasil após a abolição. Ainda nos dias de hoje é público e notório a dificuldade do negro para ingressar no mercado formal de trabalho e estudo, tanto é que precisou ser criado sistema de cotas, onde negros, índios, deficientes e estudantes de escolas públicas disputam vagas em concursos e vagas no mercado de trabalho
Graças a Deus que Edson Paulo Theodoro da Rosa não teve que enfrentar todas essas dificuldades para chegar onde está, pelo menos não de forma tão explícita como a história acima. Precisou sim de muito esforço para enfrentar as urnas em 2004, quando se tornou o primeiro negro a assumir uma cadeira no legislativo caxiense. Em 2008 conseguiu a reeleição e acresceu à sua trajetória política, quase um mandato inteiro (três anos) como Secretário de Educação no Governo de José Ivo Sartori.
Edson da Rosa: "Minhas ações aqui dentro da câmara eu coloco nas mãos de Deus"

Em 2012 conquista o terceiro mandato esperando coisas grandiosas em sua vida. Para quem está acostumado a desafios, mais um na sua vida. Edson é o primeiro negro a assumir a presidência do Legislativo pelos membros do seu partido o PMDB.
A responsabilidade agora é diferente, terá que comandar uma das mais transparentes casas políticas do RS, com a mesma dedicação, porém com uma função a mais, administrador.
“O vereador tem quatro funções básicas, legislar, fiscalizar as ações do Executivo, disciplinar e dar seu parecer quando for convocado para isso. Já o presidente da Câmara de Vereadores faz o papel do administrador de uma casa que tem vida própria, um orçamento próprio. Estamos sujeitos ao Tribunal de Contas do Estado. Temos que seguir todos os ritos. Além de tudo tem o zelo da instituição”.

O que o credenciou

“Acredito que o que me trouxe para a presidência da casa, decorrente de acordo prévio entre os partidos definindo quem assumiria nos quatro anos que seguem, foi a experiência como Secretário Municipal de Educação e também pelos trabalhos desenvolvidos em todas as comissões que fiz parte.
Acredito que as boas gestões nessas áreas foi algo positivo e preponderante para que eu pudesse estar nessa condição. Quem me conhece sabe da minha postura agregadora e conciliadora que sempre mantenho com todos. Jamais me meti em alguma discussão infundada e quando chamado, dei a minha contribuição da melhor forma”.

Desafios são grandes

“Sou uma pessoa que entrou para a política para fazer minha parte como cidadão nesse processo democrático e coloco a minha ação nas mãos de Deus. Que nos momentos em que participo, eu possa contribuir de alguma forma.
Tínhamos três vereadores e fui escolhido dentro do PMDB para essa incumbência. Agradeço a todos pela eleição unânime e condução à presidência do Legislativo.
Tenho noção de que venho fazendo história na cidade devido a minha condição de negro, mas independente da cor, o meu trabalho está sendo feito e tenho recebido o reconhecimento de todos nos diversos lugares por onde passo”.

E agora presidente?

“Estamos trabalhando em algumas frentes e dentre essas, queremos retomar o “Câmara vai aos bairros”. Acredito na sua proposição pois recebemos uma acolhida positiva da cidade nesse sentido, pois integrou ainda mais a comunidade e o vereador que a representa.
Tratamos também do protocolo de intenção para tornar a TV Câmara canal 16 em TV aberta em sistema digital. Isso sem dúvida vai ser muito importante para o grande público ter o acesso a tudo o que acontece aqui dentro da casa legislativa”. (Fotos Ponto Inicial)

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