Ari Dallegrave: “Tudo é um aprendizado na vida da gente”


"Nem sempre a quantidade de projetos apresentados é sinônimo de participação"
Por Laudir Dutra
Acabou o prazo de permanência daqueles que pretendem concorrer a cargos eletivos em outubro. Oito secretarias trocaram seus titulares, entre elas a de governo, onde Ary Dallegrave sai para se organizar e buscar uma vaga no legislativo de Caxias do Sul.
Antes de qualquer coisa, fazer um resumo da sua passagem pela pasta, que se não tem a visibilidade sonhada por quem a ocupa, tem o respaldo e o reconhecimento do prefeito José Ivo Sartori, como estratégica e fundamental na transição entre o Executivo e a Câmara de Vereadores.
Ari Dallegrave atuou como Secretario do Meio Ambiente e como vereador, pois como segundo suplente, esse direito era seu, no impedimento de parlamentares que foram deslocados para outras secretarias. No final do ano passado, Ary deixou a Câmara, havia decidido que precisava levar adiante seu projeto profissional como Advogado. Mas não conseguiu concretizar. O prefeito o chamou para outra missão.
A tarefa agora seria fazer parte da equipe de governo, mais especificamente na secretaria de mesmo nome. Ser elo de ligação entre a prefeitura e o legislativo. Aceitou. Mais uma vez o projeto pessoal deixado de lado em favor da cidade de Caxias do Sul, que tão bem conhece. Mas isso só vem se somar aos muitos desafios enfrentados ao longo de sua trajetória, o que lhes rendeu o reconhecimento e a simpatia de colegas de partido, o PMDB, do qual já foi presidente e também de todas as outras siglas partidárias.
“Tudo é um aprender. A minha história política dentro do partido e depois na secretaria do Meio Ambiente me deu muita experiência com alguns projetos construídos.

Acho que esse início foi importante. Depois a vinda para a secretaria de Governo foi o complemento, a relação aprimorada pelo fato de trazer na bagagem todo o diálogo, afinar as relações entre o Executivo e o Legislativo.
Mas não tenho dúvida que o meu jeito de ser tenha me ajudado muito, tenho posição firme e defendo isso sem precisar fugir da minha característica de levar as discussões sempre para o campo político e jamais o pessoal, onde, aliás, tenho muitos amigos.
No parlamento, por exemplo, defendi com veemência as minhas ideias, mas sempre com lealdade. A condição de advogado é outra formação que me ajudou quando precisei interpretar aplicar todas as coisas embasadas, sem medo de errar ou deixar brechas. Aliás, na vida pública não temos esse direito ou prerrogativa.
Na verdade toda essa condição só agregou na relatoria de projetos, onde fui o campeão enquanto estive na casa legislativa. Me senti parte em praticamente todos os projetos e isso tem muito a ver com a minha formação profissional”.

Trabalhar para uma instituição consolidada

“A formação com certeza ajuda bastante. Ter colegas que também possuam um alto nível cultural e de conhecimento é sempre positivo e agregador, principalmente quando existe bastante dialogo e compreensão e que podemos desenvolver nossas teses e projetos de forma segura, contando sempre com o respaldo que a casa tem junto às comunidades de Caxias. Essa tradição adquirida é que nos mantém como uma das melhores câmaras do RS e do Brasil em austeridade e condução naquilo que é da sua atribuição”.

Nem só de Projetos vive o legislador

"Temos que planejar bem uma campanha para não gastar mais do que se pode. Independente do resultado, a vida continua"
“Existem segmentos que nos cobram projetos alegando que o vereador só é bom se apresentá-los. Mas nem sempre a quantidade é sinônima de boa participação.
Muitas vezes se faz necessário saber quais os projetos que os outros parlamentares estão apresentando ou que estão tramitando na casa.
Existem vereadores que não opinam em muitos projetos e se dizem bons, sem pelo menos discutir o que o colega apresentou, se posicionar de alguma forma, fazer menções ou até mesmo criticar, apresentando outros caminhos. O vereador precisa estar atento e acima de qualquer coisa, saber que contrariou determinado segmento por ora, mas que no futuro pode beneficiar muitas pessoas em detrimento de uma meia dúzia”.

A campanha política é uma “caixinha de surpresa”

“Quando estamos em campanha política, existem dias que você sai de casa acreditando que vai fazer uma margem ‘xis’ de votos, no outro, no entanto, só uma grande expectativa. A incerteza é uma coisa que muitas vezes mata a gente sem que percebamos. Mas temos que ter os pés no chão e saber lidar com essa instabilidade. Somos cobrados invariavelmente e os questionamentos surgem naturalmente.
Existem coisas que a sociedade critica como, por exemplo, as diárias, assunto sempre recorrente nos noticiosos brasileiros. Me orgulho de não ter faltado em nenhuma sessão, portanto não precisei lançar mão dessa prerrogativa. Não entendi que precisava sair, sendo assim, economizei dinheiro. Isso é um fato positivo, mas os fatos positivos não são destacados com mais veemência, isso certamente não conta. Mas é assim mesmo, quando são coisas ditas negativas, repercute mais”.

Onde estão os eleitores

“Infelizmente não podemos estar ou ir a todos os lugares, até pelo tempo de campanha que é pouco. O bom da história é que a grande maioria já nos conhece e isso acaba fazendo uma corrente positiva. É a melhor parte.
Por outro lado, é bom a gente lançar mão do cabo eleitoral, aquela pessoa que conhece a comunidade onde mora e sabe dos seus anseios e necessidades. Ele na verdade, acaba sendo o braço forte do gabinete do vereador nos bairros”.

É preciso planejar o caixa

“Se formos fazer conta e projetar os gastos com a campanha, nem concorreríamos. Mas temos que planejar. Como estou fazendo agora, mesmo que ainda eu não seja candidato oficializado pelo TRE. Mas no dia seguinte à eleição, a vida continua, temos a nossa família, nossa vida pessoal. Não se pode misturar a candidatura com a vida pessoal, muito mais razão do que emoção nessa hora, pois a conta final é grande”.

A política é um eterno aprendizado

"O meu objetivo maior nesse momento é uma vaga na Câmara"
“Estou mais experiente sim, mas ainda não me considero completo dentro da política. As pessoas mudam, as circunstâncias mudam e esse é um processo normal, aprendemos todos os dias.
Desde o movimento estudantil, advogado trabalhista me torna com forte ligação com a classe trabalhadora. Me criei ouvindo política, meu pai era político, tinha a política no sangue e nas suas relações de amizade. Discuto política com propriedade e afinidade, então, assim, do nosso jeito, vamos seguindo nessa balada”.

Ser político exige muita disciplina

“A maior qualidade que um político pode ter, é saber interpretar a real intenção diante de uma solicitação, perceber que o que está sendo pedido vai atender muitas pessoas e não apenas uma meia dúzia. É compreender que o bom mesmo é fazer de um limão uma limonada, ou seja, hoje pode parecer uma atitude antipática, autoritária, mas que no futuro todos verão aquilo como necessário e fundamental. É preciso pensar sério sem querer ser paternalista”.

Caxias do futuro. 2030 é o foco!

“A cidade é diferente da grande maioria, ações importantes acontecem nesses últimos oito anos. Logicamente que todas essas iniciativas vão mexer de alguma forma com a vida das pessoas e é preciso ter muito calma antes de fazer qualquer tipo de avaliação crítica.
Com relação ao trânsito, por exemplo, a tendência é piorar, mas são coisas comuns a todos os grandes centros. Estamos em crise existencial, as pessoas ainda não entenderam que a cidade cresce e assim como os demais centros, está buscando formas para solucionar os graves entraves que existem.
A infraestrutura regrediu. As ruas do centro foram projetadas para andar de carroça e cavalo, não para absorver a grande demanda de carros que aumenta diariamente, sem falar nos transportes coletivos urbanos no centro que tomam praticamente a metade da via.
Acredito que discussão Caxias 2030 é importante, apesar de alguns acharem que é pouco. Algumas coisas ainda serão incorporadas nesse projeto. Precisamos cumprir essa etapa para projetar mais longe. Não podemos nos perder no meio do caminho, é preciso planejar bem para chegar onde se quer chegar”.

Qualidade de vida para todos

“A melhoria ou aquisição de bens materiais não significa qualidade de vida, que é o que as pessoas hoje estão valorizando mais. É preciso entender que aquilo que é básico como praças e parques devem ser cuidados pelo cidadão, uma vez que as casas e os pátios cada vez mais estão sendo reduzidos, divididos. Deve ser preservado o que o poder público coloca em favor das pessoas.
O governante precisa dar condições de ensino, saúde e transporte público. As pessoas precisam ter tranquilidade para desenvolver suas rotinas. Sem saúde, transporte e educação não existe uma boa qualidade de vida”.

Câmara, coligação, apoios…

“O que virá eu não posso imaginar sinceramente, mas o meu objetivo maior nesse momento é a câmara de vereadores. Todas as frentes em que já estive me dão o direito de compreender o que a sociedade precisa.
Na majoritária, entendo que a cautela faz bem, temos exemplo recente onde a primeira candidatura posta ruiu como um castelo de areia. Estamos fazendo um programa de governo do PMDB, pois, os todos demais partidos precisam apresentar aquilo que é o melhor para a cidade. Isso é importante porque envolve a todos. A coligação deve estar sustentada em cima do plano de governo e não em cima do nome escolhido. Quanto ao tempo, não estamos atrasados, apenas cautelosos”.
Ari Dallegrave, casado, pai de três filhos, advogado, ajudou a construir a atual administração a qual participa, sempre abrindo mão das questões pessoais em favor do coletivo. (Fotos Ponto Inicial).

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