Marrecas: entrave político ou ambiental? Não importa, acabou.


CAXIAS DO SUL - Os mesmos que apedrejam, usufruirão dos benefícios que o Sistema Marrecas proporcionará em breve, tão logo comece a operar, isto porque os riscos de um racionamento mais drástico já vêm ameaçando a população há pelo menos 10 anos, tudo em função do crescimento populacional acelerado que a cidade vem tendo, que por conseqüência, mais moradias são construídas, exigindo assim um pronto atendimento por parte do Samae, Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto.
Na mesma mão, mais empresas estão chegando à cidade, algumas ou quase todas utilizam um grande volume de água, fato comum a todos os grandes centros, Caxias do Sul é um grande centro, portanto passível de que o progresso seja uma coisa natural. Uma população de aproximadamente 500 mil habitantes, que cresceu 20% em quatro anos, certamente vai exigir um serviço eficiente, de água, esgoto e saneamento básico.
Os ambientalistas de plantão, e os ferrenhos ‘defensores’ dos seus umbigos não estão sendo racionais, nem se deram conta de que a cidade cresceu e que estamos no século XXI. Praticamente impossível pescar grandes peixes nos lagos, nem tanto em função da poluição, mais sim em razão de tanta gente em busca da mesma coisa.
Em estados sabidamente imprescindíveis para o nosso ecossistema, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Pará, só para citar alguns, o desmatamento é tão grande e as conseqüências deste descalabro passa despercebido pelas autoridades ambientais. Lá não existe a preocupação com o reflorestamento, os clarões na mata são vistos em plena luz do dia. Mas lá não falta água, não tem lavouras para irrigar, existem rios, água abundante.
Estudos apontam que no Rio Grande do Sul, alguns locais apresentam degradações do solo irreversíveis, a seca tomou conta e o deserto é iminente. Existem cidades que fazem racionamento de água todos os anos, como se fosse um horário de verão às avessas, por falta do produto e planejamento dos governantes, que só se preocupam com discussões que não levam a lugar algum.
A serra, aliás, sempre foi palco de grandes entraves nas conquistas da comunidade. Vamos enumerar abaixo algumas delas:
- A Rota do Sol levou mais de trinta anos para ser concluída por puro jogo político e queda de braço. Cada governo que entrava adotava o mesmo discurso, ‘VAMOS CONCLUIR’, mas na hora H, emperrava e ficava na mesma.
- A revitalização da Praça Dante Alighieri gerou a maior polêmica quanto ao corte das árvores que só serviam para esconder todo tipo de mazelas no local. Prostituição e drogadição eram comuns, levando o medo a quem precisasse cruzar à noite pelo local. Até tentaram embargar a obra, mas depois acabaram entendendo que era o melhor para Caxias. Hoje todo mundo acha que é uma das grandes obras do então prefeito Pepe Vargas.
- A abertura do Calçadão foi outra discussão e a queda de braço durou anos. Uns queriam, outros, principalmente alguns comerciantes como lancherias e bares, eram contra. Mas o bom senso prevaleceu e hoje a realidade é outra.
- A greve na saúde recentemente teve um fim, depois de mais de 500 dias de paralisação entre idas e voltas, os médicos decidiram voltar ao trabalho. Muito se ouviu e se viu em função de vaidades que só prejudicou os caxienses. O presidente do Sindicato dos Médicos chegou a dizer que a greve só terminaria quando assumisse outro prefeito, numa clara demonstração de que o embate era mais político do que propriamente institucional. Alguns tentaram e conseguiram sem dúvida alguma, levar alguma vantagem política com a questão. Ah duvidam! Esperem só o início da campanha lá por julho.
- Quando o então prefeito José Ivo Sartori inaugurou o viaduto ou elevada na saída para Farroupilha próxima ao Iguatemi, a oposição chegou a discutir com a população e colocar a público durante a campanha que a altura não era adequada, numa manobra oposicionista perigosa .
- O PA 24H também foi questionado por esta mesma oposição e altura foi mais uma vez chamada para entrar em campo.
Após tentar sem sucesso parar a obra por completo, as organizações ambientais Orbis, Ingá e União Pela Vida apelaram alegando que a prefeitura e o Estado, por meio da Fepam, não têm competência para autorizar tamanha supressão vegetal. Além de exigir o parecer da União (Ibama), elas suspeitam que a decisão do corte, tomada no governo Yeda Crusius (PSDB), foi política. Essa autonomia da prefeitura e da Fepam foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal no dia 17 de janeiro e a decisão foi favorável ao Samae, que a partir de agora pode reiniciar o corte de árvores para que seja concluída a obra.
O desembargador Vilson Darós, o desembargador Fernando Quadros da Silva e o juiz federal João Pedro Gebran Neto votaram pela liberação da supressão vegetal.
Ou seja, diferentemente das entidades que tentaram embargar o Marrecas, os juízes foram sensíveis e entenderam que não se brinca com o dinheiro público, um investimento de R$ 200 milhões gastos até o presente momento não poderia ir para o lixo.
Outro fator importante foi o fato de que 250 mil mudas de árvores entre xaxins, bromélias, cactos e outras espécies já foram plantadas como compensação pela supressão de outras.
Um terceiro dado importante foi o risco de racionamento de água, já que Caxias trabalha no limite de sua capacidade para atender a população.
A previsão para o início das operações do novo sistema é para o mês de outubro, tão logo seja inundada a área, transformando-se em lago natural.
Como em outras ocasiões, perderam aqueles que buscam fazer oposição sistemática utilizando o sacrifício das pessoas para o seu intento sem se preocupar com o resultado final que na maioria das vezes é catastrófico.
Ganhou a população que a partir de agora pode respirar aliviada, não correrá o risco de sofrer com racionamentos de água que sempre em épocas quentes ronda a todos. (Foto Luiz Chaves/Por Laudir José Dutra)

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