Saúde, um problema de todos

Nos últimos dias, a saúde no Brasil tem sido alvo de freqüentes denúncias. São erros médicos, despreparo por parte de alguns profissionais e a falta de ética tão apregoada nos meios de comunicação. As incidências vão desde procedimentos cirúrgicos equivocados, em pacientes errados, até objetos encontrados dentro do corpo das pessoas.
Outro aspecto que causa espanto e fugiu completamente do controle das autoridades públicas diz respeito à falta do cumprimento da carga horária por grande parte desses, que invariavelmente são a última esperança de cura principalmente dos mais humildes.
Em Caxias do Sul infelizmente o não cumprimento da carga horária é comum há bastante tempo. Em algumas Unidades Básicas de Saúde falta médico e sobra paciente, em outras há muitos enfermeiros para poucos usuários e em outras há médicos e não há pacientes.
Para citar um exemplo daquilo que a matéria se refere relatamos o ocorrido no final de março na Unidade Básica do Parque Oásis. Uma senhora se dirigiu até aquele estabelecimento oriundo do bairro Cruzeiro. O seu objetivo era entregar um exame para o parecer médico. Foi informada de que era necessário marcar consulta e com a fila de espera seria possível só para maio e que se fosse um caso grave, deveria voltar no outro dia às 7h30min para mostrar o exame à enfermeira, que por sua vez faria os procedimentos de rotina e avaliaria o caso. Uma funcionária salientou ainda que aquela unidade não atenda a todos e que a usuária deveria consultar somente no antigo domicílio.
Outro fato que chamou a atenção diz respeito à distribuição de injeções anticoncepcionais. O usual, segundo informações da mesma funcionária, é de um número limitado, 12, 13 mulheres por mês e que já há uma lista de espera, caso alguém desista os nomes são encaixados. No bairro Cruzeiro, nosso comparativo, todas as pessoas recebem essa injeção. “Não vai querer comparar a Unidade do Cruzeiro com a do Parque Oásis”, disse a atendente.
Há bastante descontentamento nesse sentido, uma vez que os medicamentos são distribuídos pelo Ministério da Saúde e devem contemplar a todos sem distinção.
No último dia 08 de abril acompanhamos essa senhora até a Unidade do Cruzeiro para cumprir com a consulta agendada apenas três dias antes. Finalmente conseguiu, mas nos deparamos com o fato que está sendo comum, como mencionamos no início da matéria. O médico levou aproximadamente 45 minutos para atender seis pacientes e já foi embora, deixando a cargo das atendentes darem as explicações devidas e empurrar com a barriga toda a demanda que é grande naquela unidade de saúde.
Na Unidade Básica de Saúde do Oásis não existe ginecologista, o mais procurado pelas gestantes e mães de primeira viagem, principalmente levando-se em conta de que nos bairros mais carentes a procura é bem maior.
Tentamos um contato com a Secretária da Saúde para falar sobre o ocorrido, mas a assessoria insistentemente nos aconselhou a falar com a Ouvidoria, que ficou de dar o retorno sobre todas as nossas questões, mas que infelizmente isso não ocorreu, passado mais de 20 dias.
Lamentamos o fato de que as repercussões com relação à saúde não têm a mesma intensidade que o corte de uma árvore, por exemplo, mesmo que isso possa gerar tantos debates e indignações por parte da população.
                                                                                                                                    Por Laudir J. Dutra

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