Ana Corso: “Minha história no PT iniciou antes de ser esposa de Pepe”



CAXIAS DO SUL - Graduada em Artes pela UCS, a caxiense ANA CORSO iniciou sua militância política no final dos anos 70, contra a Ditadura Militar, integrando o movimento estudantil. Tornou-se líder sindical, presidindo por duas gestões o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fiação e Tecelagem. Fez parte da direção Estadual da CUT, participando da Comissão de Mulheres Trabalhadoras da Central. Fundadora do PT, fez parte do primeiro diretório em Caxias do Sul. Elegeu-se vereadora em 1996, 2000, 2004, 2008 com excelentes votações pelo Partido dos Trabalhadores. Foi líder da bancada na Câmara Municipal em várias ocasiões.Integra a Executiva do PT, como Secretária  de Organização. Nas eleições para a Câmara dos Deputados, em 1998, recebeu a maior votação obtida por uma mulher em Caxias do Sul e Região em todos os tempos, assumindo o mandato em Janeiro de 2001. Hoje está em seu 4º mandato como vereadora e participa da CDH, de Legislação Participativa e Comunitária, de Saúde e Meio Ambiente e preside a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara de Caxias do Sul. Ana Corso é casada com o ex-prefeito e atual deputado federal Pepe Vargas com quem tem duas filhas Isadora e Gabriela.
     Conheça um pouco das idéias de uma das mais atuantes vereadoras do Legislativo caxiense.

Valeu a pena tudo isso

      “Nunca pretendi estar na vida pública, jamais fiz algo visando esse caminho, tudo aconteceu naturalmente. Quando atuava no movimento sindical o partido me convidou para concorrer em 1996, e hoje estou vereadora. Não nos movemos em participar da política por interesses pessoais e sim coletivos.
     Me satisfaz essa condição, por poder transformar nossa realidade, é importante buscar um projeto coletivo com o objetivo de melhorar as condições de vida da população, por uma sociedade mais justa, que garanta o direito das pessoas. Sinto-me fortalecida, pelo bom apoio popular que sempre tive, isso se reflete nas minhas votações, na última eleição fui a mais votada dentro do partido. Então, tento de fato transformar as idéias em realidades, lutar para que todos tenham garantias dos seus direitos”.

Foto: Mário André Coelho


O fato de ser esposa de Pepe

     “Algumas pessoas tentam, de alguma maneira, desqualificar minhas vitórias eleitorais afirmando que só me elejo por ser esposa do Pepe Vargas. Talvez essas pessoas não conheçam a minha trajetória dentro da política, ela é mais antiga até do que a de Pepe. Acho isso injusto ligarem uma coisa a outra. Com certeza deve existir uma parte da população que até pode ser influenciada por isso, mas são poucos.Ninguém se elege por ser esposa de alguém se não tiver história. Tenho a certeza de que a minha atuação no sindicato e no movimento estudantil e posteriormente minha atuação parlamentar me deram essa condição, tenho luz própria.
     Mas me sinto orgulhosa, por tê-lo como  marido. Foi na universidade que iniciamos nosso relacionamento que dura até hoje. Não existe cobranças no sentido de que a política possa interferir de alguma forma. Sempre tive o apoio de Pepe em todos os sentidos, ele é meu maior incentivador e vice e versa. Damos força um ao outro na continuidade da realização do nosso projeto político partidário. Temos duas filhas lindas, o que por si só já é uma felicidade muito grande.
     A leitura que deve ser feita da minha trajetória política não é o fato de ser ou não casada com Pepe Vargas, e sim a luta que temos empenhado, todos nós do PT em tentar melhorar de alguma maneira a qualidade de vida das pessoas. Direito à moradia, saúde e educação para todos. Não consigo imaginar alguém feliz sabendo que muitas pessoas não têm as mesmas condições”.

Mudança de trajetória talvez

     “Não me arrependo de nada. A minha história dentro da política tem sido de alegrias e de certezas. Tenho visto tão pouca participação das mulheres no processo político, mais em função do processo histórico de opressão e de discriminação. Nossas duas grandes vitórias foi eleger Lula e Dilma Presidentes da República, vitórias contra o preconceito.
     Não mudaria nada, colho exatamente o que plantei ao longo da minha vida. Como fundadora do PT nos quase 32 anos de existência, me sinto muito responsável pelo seu crescimento, principalmente aqui na cidade, quando ninguém poderia imaginar que pudesse acontecer de um dia sermos prefeito de uma das mais importantes cidade do RS.
    Acredito no nosso trabalho e na nossa importância dentro do contexto político da cidade, pois fizemos história e vamos cada vez mais lutar para consolidar nossas ações.
     Em 2012, faço 16 anos de vida pública, tenho orgulho daquilo que faço, da nossa Câmara de Vereadores, inclusive, que é exemplo para todo o Brasil pela transparência e pela seriedade que encaramos tudo aqui”.

Família e política andam lado a lado

    “Procuramos não nos descuidar dessa questão de estar com a família. Sempre fizemos isso na época do recesso na política e na escola. Administramos as questões envolvendo o lar. Procuro me envolver com as coisas da casa, almoçamos fora e quando não tem compromisso, nos finais de semana estamos juntos. Minhas filhas sabem que podem contar com a gente sempre que precisarem. Temos um bom entrosamento, quando eu estive em Brasília como deputada, o Pepe mesmo sendo prefeito, dava conta das coisas da casa e agora é minha vez. Ele está lá e eu permaneço aqui tomando conta de tudo.
     Mas lógico que agora mais adultas, a mais nova já vai votar pela primeira vez e a mais velha já há algum tempo, entendem melhor tudo o que envolve a política e a necessidade de ficarmos unidos”.

Fazer oposição como um bom exercício de cidadania

     “Não vejo os embates políticos como forma de fazer oposição. Somos limitados constitucionalmente na nossa atuação parlamentar poucos projetos são possíveis, são via de regra inconstitucionais. Mas  fazemos oposição mesmo em cima das necessidades da população, discutimos sobre o que poderia ou pode ser feito em benefício da população, como a greve dos médicos por exemplo, que já dura oito meses.É um problema a pessoa ir até a unidade básica de saúde e não encontrar o médico no local. Acho que o governo abriu um flanco e deixou a bola quicando para todo tipo de interpretações. Acredito que tenha faltado habilidade para evitar toda a discussão. Essa lacuna em aberto traz problema lá na ponta, onde estão os que mais precisam dos serviços de saúde.
     Outra questão são as vagas nas escolas infantis. Com a carência que se tem de vagas, a construção dessas unidades que foram divulgadas é muito pouco para atender toda a demanda”.

Almejar algo maior

     “Não concorri mais, para outros cargos eletivos, porque nas discussões internas surgiram outras pessoas que reuniam condições para também pleitear novos rumos nos cargos políticos. Obviamente o Pepe acabou tomando o lugar para deputado federal e com a saída do padre Roque Grazziotin da Assembléia Legislativa, optamos pela Marisa para deputada estadual e isso foi mantido, afinal, não seria eu, mais uma cabeça para dividir votos. Acabamos tendo o sucesso que planejávamos. Isso não significa que eu não possa no futuro colocar meu nome à apreciação.
     Nós temos condições de conseguir mais uma vaga, sabemos que existem alguns complicadores, não descartamos esta possibilidade, mas é  o partido que deve decidir”.

As eleições 2012 vêm aí

     “Acredito sinceramente que temos condições de ampliar nossa bancada, somos a maior atualmente dentro do Legislativo e com o aumento do número de vereadores e 435 mil habitantes é um número bom para que isso seja concretizado.
    Mas temos que pensar também que existem bons partido, bons candidatos. Vejo aí nesse universo siglas importantes que não têm conseguido eleger seus nomes. O próprio PSB, o PTB e outros partidos não tem conseguido colocar ninguém. Seria importante os partidos pequenos terem a possibilidade de também conquistarem uma vaga ao menos, pois amplia o debate e mais representação fortalece a democracia.
    Não podemos esquecer que Caxias já teve 21 vereadores, apenas nas duas últimas legislaturas baixou para 17, agora com 23 aumenta a possibilidade de nomes que ficaram de fora colocarem-se à disposição dos seus partidos”.

O PT historicamente costura poucas alianças

    “Estamos buscando ampliar nosso leque de alianças, vejo o quadro da eleição do ano que vem bem diferente de 2008. É muito difícil ganhar de um prefeito que está tentando a reeleição, aconteceu conosco. O nome do Sartori conseguiu nos vencer, juntamente com a aliança de 14 outros partidos ficou bem mais complicado.
    Mas no ano que vem não tem Sartori e isso abre uma possibilidade muito grande de vencermos as eleições, os demais nomes, não que não possam crescer, não representam assim tantas dificuldades quanto apresentaria Sartori, ou um nome da situação mais consolidado.
    As alianças quem faz é a população. No RS, PT e PMDB são adversários históricos. Mesmo que lá em Brasília existe essa aliança, aqui isso é impossível acontecer, em função das ideologias partidárias completamente contrárias”.
 O desgaste da política é notório
    “Temos que lutar contra isso, existe parte da grande mídia que prega a demonização da política e temos que desfazer essa tendência.
    Tudo que diz respeito ás nossas vidas depende da política, como instrumento de mudança, como instrumento para o cumprimento das leis. É preciso conscientizar as pessoas desse fato, nada existe sem a política. Todos devem continuar acreditando nos seus candidatos, pois, abrindo mão do seu voto faz com que tudo aquilo que você sonhou um dia para a sua família, para os filhos e netos, continue na mão dos maus políticos.O voto é um instrumento poderoso de cidadania, não se pode abrir mão dele.
    Temos exemplo de várias mudanças com as mobilizações, é uma minoria que chuta o balde, que não aceita de jeito algum o fato de que a política está em toda a parte e isso é positivo, pois certamente existem mais pessoas que confiam na política e nos políticos do que quem acha que tudo está errado”.

Composição da mesa para 2012

    “Acho que nós da oposição fizemos um movimento muito importante através principalmente do Rodrigo Beltrão. Todos sabiam que o vice presidente da Geni Peteffi era o Francisco Spiandorello e nós acabamos empastelando essa idéia. Que seria ela a presidente já era público e notório e nós já havíamos acordado no início da legislatura que o PMDB seria presidente no último ano.
    Acho que a nossa vitória foi a aceitação da situação de um vice da oposição. O Renato Oliveira sendo da base oposicionista e votando com a gente os principais projetos, ficou de bom tamanho, podemos nos dar como satisfeitos por isso”. (Fotos Ponto Inicial)

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