Corlatti: “Esperava mais apoio dos empresários, mas não fiquei chateado, faz parte”


(Foto Ponto Inicial)
Por Laudir José Dutra
CAXIAS DO SUL - Passou a eleição, agora é chegada a hora de contabilizar os‘lucros’ & ‘perdas’ dessa contabilidade chamada eleição. Como abrir uma empresa. Assim foi a campanha política, empresa constituída, CNPJ na mão, conta bancária aberta, talão de cheques na mão. Ôpa! Está aí o grande problema, uma campanha política precisa de dinheiro, muito, se formos pensar numa disputa igualitária, pois toda uma estrutura é montada em função disso, coordenador, equipe, metas para atingir, ficar de olho para não haver excessos quanto a esses gastos e sobre tudo, buscar os recursos que podem advir de doações de empresas, de particulares, tudo justificadamente, pois a justiça eleitoral é implacável e não tolera nenhuma motivação para abusos ou ações mal explicadas.
A conversa com Milton Corlatti, candidato do DEM abre a matéria falando exatamente das dificuldades que o mesmo enfrentou desde o início, onde praticamente sem recursos, sem experiência na política e com chapa pura, não havia outra saída a não ser seguir em frente. Tudo isso com certeza, serviu para lhes dar experiência para futuros pleitos e demandas, seja na área política, profissional ou pessoal.
(Foto Divulgação)

“Fizemos uma campanha normal com os nossos recursos. Plantamos uma semente. Assim como qualquer cidadão, participamos das eleições de cara limpa e de cabeça erguida. O resultado final é uma incógnita em se tratando efetivamente de uma conquista. Saímos do anonimato político para as páginas dos jornais e dos telejornais, isso é importante também, pois a partir da nossa participação, oportunizamos às pessoas uma via alternativa, com propostas, projetos e discussões de melhorias para uma cidade que nós mesmos ficamos surpresos. Assim como muitas pessoas, não conhecemos realmente a cidade em que vivemos, pois nos lugares onde estivemos, jamais imaginaríamos que encontraríamos tanta gente trabalhadora e com objetivos definidos na vida e que apenas buscam uma oportunidade para mostrar o seu valor. Realmente nos surpreendemos com tudo o que vimos. A avaliação só pode ser positiva”, salienta Milton.

Ser um fato novo na política da cidade.
“Fomos bem recebidos, por estarmos sós, com chapa pura, acredito que fizemos um bom trabalho. Realmente me sinto orgulhoso de ter tido a oportunidade de fazer parte desse momento. A prova de que tudo valeu a pena foi a nossa volta à Câmara de vereadores, hoje temos um representante, uma bancada. Voltamos a existir no cenário político, o que por si só já é algo para se comemorar. Teremos a oportunidade a partir daí, constituir uma agremiação cada vez mais forte para que tenhamos cada vez mais opções dentro do cenário político de Caxias do Sul.
Outro aspecto que deve ser ressaltado é a nossa colocação como partido nas eleições, ficamos em oitavo lugar, a frente de partidos tradicionais que já possuem vereadores. Realmente, avançamos enquanto agremiação”.
O DEM deve fazer seu próprio destino.
“Acredito que temos que continuar fazendo esse mesmo trabalho que vem sendo feito, de centro-direita que nos tornou vencedor, por participarmos da majoritária e termos elegido um vereador. Queremos trazer para a cidade uma política com ética, onde possamos dar mais dignidade para quem realmente necessita”.
A votação conquistada não reflete o significado.
“Fizemos uma belíssima votação, participamos pela primeira vez de um pleito político, fomos bem recebidos, não acredito que tenhamos sido rejeitados de alguma forma. O que nos faltou realmente foram os recursos necessários para uma campanha mais ampla e eficaz. Mostramos coragem de enfrentamento no segundo maior colégio eleitoral do RS. Este é um aspecto muito positivo e que deve ser comemorado sim”.
Talvez algumas portas tenham se fechado, outras se abriram.
“Não acredito que tenhamos saído dessas eleições ‘arranhados’, pelo contrário, onde tenho ido recebo elogios. De maneira alguma fiz algo para me queimar com alguém. Fomos para a campanha para mostrar a nossa proposta e acredito que tenhamos conseguido. Acho que as pessoas que votaram em mim para prefeito acreditaram que eu poderia ser sim um ótimo administrador.
Ficamos muito felizes pelos jovens que deram um respaldo muito grande, oportunizando um ótimo convivido de maneira alegre e produtiva nesses poucos dias de campanha”.
Uma eleição com cartas marcadas.
“Houve a questão do voto único onde muitos diziam que não votariam na gente por entenderem que perderíamos. Mas temos condições de mostrar ás pessoas que o voto não pode ser desperdiçado.
A altíssima abstenção, em torno de 40% das pessoas não compareceram para votar e mais uns tantos anularam o voto ou votaram em branco, deixa um ponto de interrogação e um alerta para que esse descrédito não seja algo comum e corriqueiro. Mas temos que pensar também que muita desse descrédito está vinculado ao que acontece no centro do país e que acaba ‘sobrando’ para os municípios. Essa é uma prova de que as pessoas só votam mesmo por serem obrigadas, pois poucos candidatos têm o perfil daquilo que elas entendem ser determinante para a sua escolha”.
É possível mostrar propostas sem ofender.
(Foto Melissa Bueno)

“A oportunidade que tivemos aproveitamos, em momento algum fui outra pessoa, sou o que sou e fui exatamente aquilo que demonstro ou represento ser no dia a dia.
As nossas propostas foram aquelas que apresentamos, não quisemos ofender o prefeito Sartori. Entendemos que Caxias vem sendo feita a muitas mãos e que todos aqueles que administraram Caxias até hoje tiveram sua parcela de contribuição. Procuramos mostrar a Caxias que as pessoas não conhecem. Temos que pensar uma cidade para todos, com soluções e planejamento”.
Acabar com cargos de confiança em excesso.
“Não sou contra os cargos de confiança, o que defendo é a redução dos mesmos. Existem muitas pessoas dentro do próprio poder público preparadas e capacitadas para atuar em qualquer área.
Acredito que poderíamos empregar o dinheiro público em coisas mais importantes como saúde, segurança e educação. Sabemos que o número de cargos de confiança tem aumentado muito nos últimos anos. Entendemos que isso deve ter fim. Vamos valorizar nossos servidores que já estão ali para realizar os serviços necessários à população. Eles sabem como funciona a máquina pública e foram escolhidos através de concurso público”.
As verbas dos empresários não pintaram.
“Acredito que os empresários apostaram em algo que fosse melhor para os seus interesses. Talvez eu não tenha sido o candidato ideal para eles. Eu sinceramente esperava mais apoio da classe empresarial, mas muitas coisas aconteceram, sou novo na política e não consigo ainda alcançar essa dimensão dentro dela.
Foi a primeira vez que concorri, talvez o meu potencial não desse muita credibilidade. Eu cativei muitos empresários durante quatro anos em que fui o presidente da CIC, talvez tenha faltado experiência e jogo de cintura.
Pensei que no mínimo eu teria o mesmo apoio que outros candidatos tiveram. A gente se decepciona com as pessoas. Mas não fico chateado, saio vencedor e sabedor de que poucos fariam o que fizemos”.
Um aprendizado para a vida toda.
Corlatti e Jussara na feira (Foto Melissa Bueno)

“Aprendi a ser uma pessoa melhor, conheci mais profundamente a todos, saberei de agora em diante filtrar quem é quem e também terei a perspicácia e a noção do que cada pessoa representa nesse processo chamado conveniência.
Hoje estou melhor como homem e como cidadão. Sei que não existe compadre nesse mundo e que cada um faz aquilo que é melhor para si. Mostramos que podemos sim fazer parte das coisas e das decisões da cidade. Nosso propósito foi amplamente alcançado”.
A Festa da Uva é uma possibilidade.
“Sempre ajudei como voluntário, independente de partido político. Acho que a Festa da Uva deve existir antes de qualquer ideologia partidária, pois ela é da comunidade de Caxias do Sul.
As pessoas que trabalham para a Festa da Uva são voluntários dedicados, não são atrelados á empresa Festa da Uva que tem seus objetivos fins”.
Fim do pleito. Não ficou nada pendente.
“Acabou a eleição, mas a mágoa não. Vou levar para o resto da vida algumas calúnias e difamações que fizeram contra a minha pessoa em determinado veículo de comunicação da cidade.
A eleição já havia acabado e aquele episódio já deveria ter ficado lá no passado também, mesmo assim, pessoas inescrupulosas e sem caráter resolveram mexer em algo que já deveria estar superado.
Acredito que a imprensa fez o seu papel e trabalhou dentro das suas limitações, pois quase tudo foi censurado e muitas coisas passaram sem o conhecimento do grande público. A sociedade precisava saber o que realmente estava acontecendo e foi tolhida desse seu direito. A liberdade de imprensa foi ligeiramente prejudicada em muitos momentos”.
O que vi das eleições 2012
“Vi o apoio incondicional da minha família. Do início ao fim só tive palavras de incentivo. Esse é o único refúgio que temos em qualquer processo das nossas vidas. Não importa a nossa condição, se estamos bem ou mal, nada substitui o aconchego da nossa família.
Nas minhas andanças vi muitas dessas famílias, pobres, humildes e isso de alguma forma me reportou às minhas origens, pois venho de uma família humilde, que me ensinou que não preciso mudar meu jeito de ser para agradar alguém. Não preciso fazer tipo e não tenho a necessidade de a cada passo, rever os meus conceitos enquanto pessoa.
Esse resgate familiar sempre foi a nossa proposta. Muitos esqueceram a sua base, as suas origens e isso, a vida já está cobrando ou cobrará mais tarde. A humildade te acompanha, independente de onde tu veio”
Por todos os motivos, agradecer sempre.
“Aproveito esta oportunidade para agradecer todo o carinho e os 9.086 votos que recebi. Dizer que estarei sempre á disposição. Mesmo para aqueles que não votaram em mim, teremos sempre um carinho especial, até porque recebemos o convite e tivemos a permissão para entrar em todos os lares de Caxias. Obrigado de coração!. 

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