Jackson Bottim já está em casa para uma nova vida

O sorriso de Jackson se amplia com a possibilidade de ir para a escola

Um caso que se estende desde 2010 teve um desfecho favorável na última sexta-feira, dia 12/04. O menino Jackson Bottim que aguardava cirurgia para implantar um marca-passo, finalmente teve concretizado o seu sonho e dos seus familiares.
O procedimento foi realizado pelo Cirurgião Torácico Dr. Darcy Ribeiro Pinto Filho, que atende pelo SUS – Sistema Único de Saúde no Hospital Geral de Caxias do Sul. A intervenção é inédita no Rio Grande do Sul e apena oito casos foram registrados no Brasil.
Por Laudir Dutra – (laudir43@yahoo.com.br)

CAXIAS DO SUL - Nada pode ser mais importante do que a vida humana, o direito de ir e vir sem a interferência de ninguém, poder sair de casa, visitar os amigos, passear e ver a vida em toda a sua plenitude.
Para uma mãe e um pai, ver o filho simplesmente respirando, mesmo que isso não seja o ideal em função das suas deficiências físicas, é tudo.
Mas não foi um milagre, a recompensa por tanta luta veio, mesmo que quase três anos depois de um acidente que deixou o garoto Jackson Rafael Ferreira Bottim. O fato ocorreu na cidade de Garibaldi em 2010 e só agora, depois de muita peregrinação em hospitais e na justiça, foi finalmente comprado e implantado com sucesso o marca-passo.
A cirurgia foi realizada no Hospital Geral de Caxias do Sul e de forma inédita no Estado, uma vez que não havia sido feito esse tipo de intervenção no RS. Em todo o Brasil, apenas oito casos.

Cube então ao Dr. Darcy Ribeiro Pinto Filho essa primeira cirurgia, o que não o deixou nenhum pouco preocupado, pois acredita que assim como ele, no Sistema único de Saúde existem muitos bons médicos e que estão preparados não só para essa, mais para muitas outras demandas. Ele explicou à imprensa através de imagens todo processo. (Clique nas imagens para ampliar)
“Foi um sucesso a cirurgia no menino Jackson, pois os objetivos foram amplamente alcançados, tanto é que estamos dando alta para o paciente, que continuará desta forma, a sua recuperação em casa”, comemora, ressaltando que agora o Jackson entra para o período de adaptação do marca-pass0. “Essa cirurgia é inédita no RS e foi feita através de videocirurgia, que possibilitou diminuir a abertura no corte no corpo e também encaminha para uma recuperação mais rápida. Este procedimento evitou também a colocação de dreno que é altamente factível a alguma complicação como infecção, que sempre um fator de risco para o paciente”.

A cirurgia foi realizada na manhã de sexta-feira e teve a duração de duas horas. Foram realizados também alguns testes clínicos e fora comprovado que o mesmo tivesse uma recuperação muito boa pós-cirurgia, o que inviabilizou a sua alta na tarde desta segunda-feira, dia 15/04.
Agora é observar a adaptação ao marca-passo
“Dentro de duas semanas ele deve retornar ao hospital a fim de que possamos fazer nova avaliação. Mesmo com toda a consequência do acidente, felizmente não houve dano ao nervo, o que também é foi positivo para que a cirurgia pudesse ter tido o êxito que todos esperávamos”.
Tempo de espera
“O tempo em que o mesmo esperou para realizar a cirurgia não alterou a expectativa de uma intervenção com sucesso, apenas houve um risco de que aos poucos a capacidade respiratória pudesse de alguma forma diminuir”.
E agora Dr.
“A expectativa é de que em 28 dias aproximadamente, o marca-passo esteja devidamente adaptado e utilizado gradativamente pelo paciente, até que seja completamente estabelecida a sua função com o organismo do Jackson.
O objetivo inicial é adaptá-lo ao uso do marca-passo e que ele possa realmente ter uma sensível melhora na sua condição orgânica.
Outra consequência boa é que o Jackson tem uma grande possibilidade de recuperar o olfato, coisa que ele não tem desde que começou a respirar com o auxílio de uma máquina”.
Vai ter uma vida mais próxima do normal
“Infelizmente o Jackson não vai deixar de ser uma pessoa tetraplégica, mas a sua condição vai melhora bastante, pois antes do marca-passo e sem o auxílio da máquina, ele poderia vir a óbito, agora isso não vai mais acontecer. O menino terá uma simplicidade na sua vida, poderá a sair sem hora marcada para voltar e permitir que as pessoas que estão ao seu redor, possam também ter uma vida social normal”.
Como é ser um médico que realiza uma cirurgia inédita
“Quando a família me procurou, na verdade eu não era o médico indicado, então me coloquei à disposição e sugeri que fosse realizada por vídeo e deu certo.
Entramos em contato com os médicos de São Paulo que iriam realizar o procedimento e expliquei toda a dificuldade que seria deslocar um paciente nesse estado e a grande logística que teríamos que enfrentar. Houve uma concordância e aqui estamos”.
Trinta anos servem como referência
“Tenho trinta anos de profissão e vinte e cinco como cirurgião torácico. Foi realmente uma oportunidade de mostrar que nós temos todas as condições de realizar qualquer tipo de cirurgia, por mais complexa que ela possa parecer.
Tenho ciência de que pode haver algum tipo de questionamento ou dúvidas, normal em qualquer profissão, mas quero salientar que levamos todas as questões baseados na ciência e não no lado pessoal. Posso afirmar que se não fosse eu que tivesse feito essa cirurgia, qualquer outro com o mesmo preparo e treinamento, poderia ter realizado com igual sucesso”.
A mãe Simone e o médico Darcy Ribeiro, com o marcapasso na mão, ao lado de Jackson

Segundo informações de profissionais da saúde, se não fosse através do SUS, o custo total chegaria a R$ 500 mil, se considerarmos que o aparelho, que é importado dos EUA, custou aproximadamente R$ 388 mil.
A família não poderia arcar com esse montante para pagar médico particular e a compra do marca-passo e o plano de saúde não cobre esse tipo de procedimento.
Os pais Jorge Ilário Bottin e Simone Ferreira estão felizes e poderão desta forma tocar as suas vidas, afinal, venceram uma batalha que muitos não acreditavam que fosse possível, receberam a solidariedade de pessoas de todo canto do estado e ensinaram a todos que a fé é inabalável e que jamais devemos desistir, mesmo que isso seja por uma coisa simples, como por exemplo, respirar. (Foto ponto Inicial).

Um comentário:

  1. Gostaria de saber como voces iniciaram esse processo na justiça, pois tenho um sobrinho que respira há dois anos com esse aparelho ele tem traquestomia e se alimenta por uma sonda. ele nasceu com esse problema, fico feliz por essa criança linda ter tido essa oportunidade
    Cidade São Luis MA

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