CAXIAS DO SUL - Depois do impasse gerado por algumas liminares de Organizações Não Governamentais ligadas ao Meio Ambiente, que quase comprometeu o seu término, o Marrecas finalmente tem previsão para entrar em funcionamento, isso deve acontecer ainda este ano, com a finalização da estrutura da barragem e o corte de araucárias, pomo de discórdia, pelo menos por parte dos ambientalistas, pois o plantio de mudas das mesmas já está sendo feito.
R$ 200 milhões deve ser o montante que o Samae irá gastar com a obra que servirá para abastecer 250 mil moradores tão logo fique pronta e comece a operar a pleno. Num primeiro momento, em torno de 45 mil moradores receberão o líquido precioso. O mês de junho de 2012 é a estimativa dos técnicos e do diretor Marcus Vinicius Caberlon para o funcionamento dessa, que já entrou para a história como o maior investimento realizado por uma administração em Caxias do Sul.
Entenda o Marrecas
Foram implantadas as adutoras de água bruta e tratada. Ao total, serão 19,2 Km de rede de água tratada que vão transportar a água de Vila Seca até o Centro de Reservação que o SAMAE construiu e está em fase de acabamento às margens da Rota do Sol, em frente ao bairro Jardim das Hortênsias. A água virá por gravidade. Os canos são de ferro fundido e têm 1 metro de diâmetro.
Quanto à implantação da rede de água bruta - esta rede com 7,6 km vai levar a água da barragem do Marrecas até a Estação de Tratamento.
A Estação de Tratamento de Água
Paralelamente à construção do Marrecas, a ETA, que está em construção na localidade de Morro Alegre, Vila Seca, terá capacidade para tratar 1000 litros de água por segundo, sendo que o projeto prevê uma expansão futura para até 3.000 l/s.
A Barragem
A barragem que está quase finalizada restando poucos detalhes, foi erguida na localidade de Nossa Senhora Aparecida, em Vila Seca. A parede de concreto tem 435 metros de extensão e 60 metros de altura. A capacidade de acumulação de água deve ultrapassar 33 bilhões de litros, com retirada de 900 litros de água bruta por segundo, área de alagamento de 215 hectares. Outros 400 hectares ao redor serão de Área de Proteção Permanente (APP) e Áreas de Compensação. A barragem é a maior obra do Sistema Marrecas.
Para assegurar a completa proteção do meio ambiente, o Samae mantém constante monitoramente da fauna, flora, quali-quantitativo da água, ruídos, poeiras e emissões atmosféricas e sismológico.
Existe a garantia também de resgate da fauna, com salvamento científico de vertebrados terrestres e da Ictiofauna e outros programas que dizem respeito ao resgate de qualquer espécie que seja indispensável ao ecossistema, como educação ambiental de trabalhadores, comunidade, estudantes e professores.
Programa de Substituição de Redes Antigas
Substituição de redes de ferro fundido, com aproximadamente 50 anos de uso, por redes de PVC. Por ano, a autarquia substitui 10 mil metros de redes antigas, dos mais de 1,3 milhão de metros de rede na cidade.
Centros de Reservação
Integram o projeto chamado de Setorização do Abastecimento do Sistema Faxinal. O objetivo é aumentar ainda mais a reservação de água.
ZONA OESTE
Está sendo erguido na rua Dante Andreis, próximo ao Hotel Intercity. Com capacidade para armazenar 3,3 milhões de litros de água, o novo reservatório vai beneficiar moradores dos bairros Planalto Rio Branco, São Gabriel, Vila Amélia, parte do Desvio Rizzo, São Francisco, Rosário, Santa Tereza, Conceição da Linha Feijó e Santiago, entre outros. O investimento é de R$ 1,2 milhão. O reservatório terá uma parte maior apoiada no solo (três milhões de litros) e outra suspensa em forma de taça (300 mil litros). Somente em aço, a estrutura terá 52 toneladas.
ZONA LESTE
O Centro de Reservação de Água da Zona Leste terá capacidade de acumular 3,3 milhões de litros de água, sendo 3 milhões de litros no reservatório apoiado e mais 300 mil litros no reservatório elevado. Além de aumentar a reservação, irá atender a parte leste da cidade de Caxias do Sul, nos locais com cota abaixo de 750 metros. Entre os bairros e localidades beneficiados estão Cruzeiro, Bela Vista, Lourdes, Vila Leon, Loteamento Bortolini, Portinari, Vila Módena, Loteamento Jardim Alpino, Loteamento São Luiz, São Virgílio da 6ª Légua, De Zorzi, futuro loteamento Campos de Cima da Serra e imediações. O Centro de Reservação de Água da Zona Leste está sendo implantado em área institucional do Município, cedida ao SAMAE, na Rua João Sirena Primeiro, esquina com a Rua Hermínia P. Schiavo, no Loteamento Jardim Alpino. O SAMAE investirá nessa obra R$ 1,2 milhão de recursos próprios.
Divisão de Esgoto
O SAMAE está implantando o Plano de Despoluição dos Arroios que visa aumentar o tratamento de 4% (em 2004) de esgoto de nossa cidade (hoje 15%) para 80%, beneficiando 86% da população, prevenindo assim doenças e trazendo mais qualidade de vida aos caxienses. O Plano é composto por cinco sistemas: Tega, Belo, Pinhal, Samuara e Pena Branca, num investimento de mais de R$ 120 milhões.
Marcus Vinicius Caberlon vê assim, coroada sua gestão e ratificará ainda este ano, quando forem abertas as comportas do Marrecas e a área no entorno ganhar um novo cartão postal, digno de visitação popular. Para o mandatário, o atraso aumentou mais os custos. “Vejo que hoje é um anseio popular, todos cobram este tipo de investimento, então tenho convicção de que seja o governante seguinte, vai fazer a sua parte para que a população fique assegurada de que este direcionamento seja continuado.
Tivemos um custo maior na obra do Marrecas, mas o pior foi explicar tudo, houve um desgaste muito grande e um desrespeito à questão ambiental, a política predominou infelizmente. É muito simples o discurso de plantar árvores, todos gostam e ter, mas se cortar uma significa qualidade de vida para todos, tem que ser feito, então, lamento todo esse desgaste inútil.
Temos que pensar na cidadania, o que é degradante é convivermos com as mazelas que prejudicam a vida das pessoas por disputas políticas”, lamenta.
Desafios plenamente alcançados
“Eu tinha alguma coisa na cabeça, o desafio de fazer algumas coisas, nunca imaginei que pudéssemos conseguir, mas isso é furo da equipe de trabalho. É fácil quando lideramos uma equipe que tem finalidade concreta. Aqui vai também um reconhecimento ao governo federal que sempre nos tratou de forma isenta de questões político-partidária, sempre nos recebeu de portas abertas, de forma cordial e prontamente atendeu todas as solicitações.
O desafio que o prefeito Sartori colocou, a equipe conseguiu concretizar de forma coesa, muito profissional mesmo, então só temos que agradecer a confiança depositada e comemorar as coisas boas que conseguimos realizar”.
Sobre a ETE Tega
“Todos os municípios depois desse local, serão beneficiados, pois a carga orgânica de Caxias do Sul praticamente inexistia e a nossa contribuição negativa vereamos disseminada. Cada município tem a sua parcela de ‘culpa’ e a nossa felizmente está acabando”.
Marrecas desperta a admiração até
para quem veio de fora trabalhar
A obra do Marrecas, que iniciou em 2010 possibilitou que muitos trabalhadores oriundos de outros estados pudessem conhecer a cidade. Aqui existem nordestino, matogrossense, paraibano, sergipano, mineiros e assim vai.
O senhor Raimundo José da Silva, 49, casado, deixou mulher e um filho de 20 anos, está na obra desde 04 de abril de 2011 e essa é a sua segunda obra. Ele é ajudante geral. “Não consegui ir passear na cidade ainda, só vou mesmo receber o pagamento na empresa e volto para o acampamento”.
Já o matogrossense Gleison Alves Rodrigues, 22, nivelador, solteiro, está desde julho de 2010 trabalhando no Marrecas. “Esta é a minha terceira obra, já fiz 1 barragem e duas estradas em Barros Cassal e agora aqui. Fiquei impressionado com a quantidade de concreto que foi e está sendo utilizado aqui, nunca tinha visto nada igual”, comenta, falando do seu próximo paradeiro. “Devo ir para Mossoró, Rio Grande do Norte para trabalhar. Essa vida já acostumei, tenho que sair para fora para trabalhar, sendo do trecho, não tem jeito, mas gostei muito de Caxias, cidade muito bonita, bem organizada, vi que o pessoal corre atrás dos objetivos de verdade. Com certeza levarei boas lembranças daqui”.
O pernambucano da cidade de Oricuri, Gilberto Lopes da Silva, 23, que trabalha como pintor, reclama apenas do frio, apesar de ter vindo para cá apenas em outubro de 2011. “Tirando o frio é uma cidade maravilhosa, tudo é ótimo, muito bonito, limpo. Mas a obra está acabando, tenho alguém me esperando na minha cidade e devo voltar em breve, mas valeu a experiência, fiz novos conhecimentos aqui”. (Fotos Ponto Inicial)
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