Sempre que visito meus familiares.
A cada dia que passa, por estarmos longe
Desconhecemos o quanto o tempo passou.
Vejo minha mãe de cabelos brancos,
De passos lentos e raciocínio igual
E percebo quanto tempo estive ausente…
Dá uma vontade de tomá-la nos braços
E correr para alguma terra encantada e
Conversar com ela sobre tudo da vida,
Dos pães feitos em casa, das travessias de rio,
Com a canoa cheia de pães feito no forno,
Das galinhas fritas que tínhamos nos almoços
Dos finais de semana em família…
De vez em quando olho para o espelho
E não vejo mais aquele semblante alegre,
De quem tem os irmãos por perto, do pai
E das longas conversas que aquele curto
Espaço de tempo nos reservava.
Quero crer que isso é artigo de luxo,
Para poucos privilegiados…
Hoje, os amigos ‘do meu tempo’
Os visinhos que me viram crescer
Não estão mais entre nós, alguns
Morreram, outros moram em locais
Que desconheço ou não tenho notícias,
Mas volta e meia me vêm estas,
Constatações que me fazem refletir
E me levam a um único lugar,
A um coração ferido e pesaroso
Por saber que estive tão distante,
E que não vi o tempo passar…
O melhor tempo é aquele que vivemos,
Por isso que volta e meia estas lembranças
Invadem a mente de forma a nos cobrar,
Pela falta de cuidado, pelas escolhas e
Acima de tudo, pelo tempo que não
Dedicamos àqueles que mais precisam
Da nossa atenção, nossos familiares…
Me sinto em débito por tudo que recebi,
Tive educação, carinho, estudo,
Minhas roupas nunca ficaram sem botão,
Se rasgavam, ao menos um remendo,
Conheci os caminhos dessa vida,
Fui feliz na minha infância;
Então, o melhor que posso fazer
Para retribuir tudo que tive e
Algumas coisas que me seguem
Por onde quer que eu vá, como
Sabedoria, inconformismo com
Aquilo que entendo estar errado,
É fazer com que eles todos saibam,
Principalmente minha mãe, que
Apesar de eu ter estado ausente,
Mesmo estando tão perto dos olhos,
Jamais faltou amor, apenas
Um pouco de dedicação…
Por Laudir José Dutra
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