Paulo Pezzi

O crime não compensa

Assistimos toda hora nos noticiários nos mais diversos tipos de imprensa sobre a criminalidade de uma maneira geral. Ainda estamos longe de um mundo civilizado ou que ao menos possa suavizar a dor de todos os envolvidos nessa questão da violência. O melhor seria que pudéssemos de alguma forma reunir todos os envolvidos, criminosos, seus familiares, vítimas e familiares das vítimas, e que eles falassem sobre suas experiência no convívio com essas situações, ou seja, que o criminoso ou infrator falasse do seu arrependimento ou da sua vontade em não cometer mais o delito, que colocasse de peito aberto porque entrou no caminho da marginalidade.
Talvez seja uma utopia pensar em soluções tão simples como uma mea culpa para atos tão vergonhosos e passíveis muitas vezes de pena de morte, para ser mais severo, tamanha é a crueldade.
Apesar de o Brasil não estar oficialmente em guerra, os índices de violência no País são superiores a muitas regiões onde há conflitos, como na Colômbia e na Palestina. Essa é a avaliação da organização não-governamental (ong) Small Arms Survey, que está se tornando a principal fonte de informação sobre o assunto no mundo.
Segundo a ong, armas leves (que inclui todo o tipo de arma que um indivíduo pode carregar) causam cerca de 41 mil mortes no Brasil por ano, índice superior a Colômbia e a Palestina, locais em guerra. O pior, na avaliação dos pesquisadores, é que o número de assassinatos vem crescendo a cada ano.
"O Brasil vive uma epidemia de violência social", afirma ainda um dos pesquisadores da ong, Robert Muggah, que lembra que jovens entre 17 e 35 anos são os que correm mais risco no País. Na década de 90, quase 300 mil pessoas perderam suas vidas no Brasil atingidas por armas leves.
Segundo Muggah, as perdas econômicas da violência são significativas. Cerca de 15% do PIB dos países latino-americanos é destinado para o tratamento de vítimas da violência e em segurança, cálculo que ainda inclui a perda de produtividade de um cidadão ferido por uma arma. "Apesar de saber do sofrimento e temor da população, políticas são estabelecidas e medidas são tomadas apenas quando transformamos a violência em prejuízos econômicos", afirma o pesquisador.
Segundo a ong, o mercado de armas também cresce no Brasil. Em 1996, cerca de 180 mil armas foram vendidas no País e o mercado nacional já era, na época, o segundo maior no mundo, apenas superado pelos Estados Unidos.
No total, cerca de mil empresas produzem as armas leves no mundo, gerando uma renda de mais de US$ 7 bilhões, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. "São mais de 630 milhões de armas circulando, sendo que 59% estão nas mãos de civis, e não de militares" conclui a ong.
São dados alarmantes, mas insisto, que uma interatividade com o agressor, o delinqüente, seria uma maneira barata e eficaz de promover a ordem das coisas, mesmo que isso não solucionasse por completo, ao menos amenizaria esses índices que chocam a todos nós, ao mesmo tempo em que seria uma ferramenta para apontar caminhos e soluções.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...