“Na política vi de tudo, ruindades e nulidades, mas as coisas boas foram muito mais” – Geni Peteffi




Por Laudir Dutra
Um dos ícones da política caxiense deixa a cena, vai cuidar da saúde e ensaiar uma nova volta, que talvez possa ocorrer em breve, pois muitos não acreditam que um talento e experiência grandiosos devam ser desperdiçados ou não aproveitados e esperam, já para a nova administração pública que está se desenhando, novidades para Geni Peteffi.
Estamos falando de Geni Peteffi, política, 68 anos, formada em Economia, empresária e que empresta seus serviços à cidade há pelo menos 25 anos, com seis mandatos como vereadora e antes disso, atuando como servidora em diversas secretarias municipais.
A história da vida pessoal da Geni se confunde com a sua própria história política, pois são praticamente 24 horas ininterruptas de dedicação e interação com a comunidade. Ela mesma perdeu as contas de quantas vezes assumiu a prefeitura na ausência do amigo pessoal e prefeito José Ivo Sartori, tudo pelo bem da cidade a pela continuidade dos bons projetos que estão em andamento.



Primeira sessão presidida por Geni, a que marcou sua posse. (Foto Ponto Inicial)
Mas a própria Geni sabia que seria assim desde o momento em que, depois de muita relutância, aceitou ser a presidente do Legislativo, apoiada pelos colegas de partido e também por todos que acompanham a sua trajetória política. A cada final de legislatura, e foram seis ininterruptas, ela sempre dizia que queria ficar livre de qualquer outra atribuição que não fosse a de legislar.


O prefeito José Ivo Sartori estava lá para felicitá-la. (Foto Ponto Inicial)
Quando fora conduzida ao cargo, em bonita solenidade no início deste ano no plenário da Câmara, ouviu as felicitações do prefeito, dos colegas, amigos e familiares e uma leve ruga de preocupação já começava a pairar em sua testa. Era a possibilidade de assumir a prefeitura, outro sonho acalentado por duas décadas. O próprio Sartori estava com o semblante mais tranquilo, pois, no seu último ano de mandato, não poderia arriscar que os rumos da cidade ‘caísse’ em mãos erradas, justamente ele, que tem feito e vai concluir uma das maiores administrações que a cidade já teve até hoje e que talvez demore para ter novamente.
Geni topou o desafio, ficou feliz e amenizou um pouco a tristeza de não concorrer mais a cargo eletivo. Um até breve ou simplesmente uma parada para recarregar as baterias, mudança estratégica de postura e de direcionamentos.
O Jornal Ponto Inicial foi ouvir a protagonista desta história e também as pessoas que conviveram de perto com Geni Peteffi.
Jornal Ponto Inicial – Qual o sentimento com relação a toda a sua trajetória na política caxiense?
Geni Peteffi – Foi muito importante, um aprendizado que não sei como mensurar, uma vivência que poucos tiveram. Foram muitos anos e as pessoas talvez não saibam medir o que é ficar 24 anos concorrendo e fazendo parte da vida dos outros, de anônimos, de estranhos que aprendemos admirar e respeitar ao longo de todo esse tempo. Me sinto privilegiada pro que sei que fiz parte de uma construção pensando no benefício de todos.
A gente poderia ter feito mais com certeza, mas a complexidade das coisas, o tempo exíguo e os trâmites burocráticos tornam impossível realizar aquilo que queremos. A cidade é muito grande, são muitas demandas e não temos como acompanhar todo esse crescimento.
Ponto Inicial – O que mais pesou na sua decisão de não mais concorrer a cargos eletivos?
Geni – Não havia outra questão a não ser a saúde. Tive três ou quatro médicos que me deram seus pareceres de que se eu não cuidasse da saúde, a minha vida seria curta.
No momento era a única opção. É um até breve eu sei, pois ainda pretendo ajudar e contribuir com a experiência que adquiri com todos esses anos em que estive trabalhando pela cidade. Não vou me privar de dar a minha contribuição e em nenhum momento virarei as costas para as demandas das pessoas que por mais de 24 anos estiveram comigo, seja na Câmara ou na vida pública de modo geral.


No abraço de Marcos Daneluz , a alegria de Geni por estar assumindo a presidência da Câmara de Vereadores (Foto Ponto Inicial)
Ponto Inicial – Em algum momento a senhora entendeu que realmente era a hora de parar, dar um tempo?
Geni – Quando eu tive a queda lá em casa, não acreditei que um tombo seria grande coisa. Levantei-me tranquila, fiz força, vim para a sessão na câmara mal, mas numa terça-feira, senti que era a minha hora.
Avaliei que não era nada, pois jamais pensei que eu pudesse ficar tão debilitada. Para mim era uma brincadeira, eu estive cm meus irmão, meus amigos e só aí percebi que era uma brincadeira de mau gosto que estavam fazendo comigo. O destino estava me pregando uma peça.
Todos já sabem o desfecho dessa situação, por muitos dias fiquei impossibilitada de me locomover direito, tive dificuldades enormes e tive que contar com a paciência e a compreensão dos amigos.
Hoje já tenho maior mobilidade, mas demorei e tive que ir por etapas. Primeiro a cadeira de rodas, depois o andador e recentemente, a bengala. Mas essa situação se Deus quiser irá passar.
Ponto Inicial – O que a Geni Peteffi viu da política?
Geni – Vi tudo, coisas boas, coisas ruins, maldades e nulidades. Mas os aspectos positivos superaram tudo isso. Acho que alguém que queira levar um trabalho sério, tranquilo e uma vida tranquila, sem problema, tem lugar na política.
Vi que muitas vezes fazemos das tripas coração para agradar, fazer bem aquilo que nos propusemos e mesmo assim somos mal compreendidos. Mas essas coisas ruins só nos tiram o foco quando permitimos. Mas com todas as demandas de trabalho e positividades que se apresentam todos os dias, não tem como se esquecer dos objetivos principais.
Tenho a certeza de que tudo aquilo que fazemos de bom é para vermos as pessoas felizes, acreditando cada vez no ser humano e tendo esperança de uma vida melhor, para essa e as futuras gerações que vêm por aí.



Um plenário lotado assistiu a posse de Geni (Foto Ponto Inicial)

Ponto Inicial – Geni Peteffi sai de cena com…
Geni – Eu na verdade não saio de cena, mas levo nessa saída temporária tudo que fiz pelo social, com infinitamente mais pessoas ajudadas do que decepcionadas.
Talvez eu não tenha forças físicas para pensar num retorno e dar o meu melhor, mas farei o máximo em prol da comunidade. Isso passa por um cuidado que eu devo ter com a minha saúde, levando a sério as recomendações médicas.
Sei que aquilo que nos propusemos fazer, pode ser por um dia, uma semana ou para sempre, mas existe o contrário, posso não conseguir atingir as minhas metas. Sair de cabeça erguida é tudo o que a gente quer.
Ponto Inicial – Se tivesse que fazer tudo novamente, como seria?
Geni – Faria exatamente igual, tudo como sempre fiz até hoje. Muitos talvez não entendam a nossa maneira de ser e proceder, mas é assim que gosto de ser, superando os obstáculos que se apresentam com firmeza, mesmo que isso possa contrariar alguns. Entendo que deu certo até hoje e que só o tempo pode provar as intenções dos nossos atos.
Ponto Inicial – De que forma a senhora entende que deve encarar a vida daqui para frente?
Geni – Não tenho que encarar diferente de como encarei até hoje, com firmeza quando necessário e com um pouco de leveza quando a situação permitir. Muitas vezes conseguimos superar e levamos com tranquilidade as soluções dos problemas nossos e dos outros. No final sempre conseguimos contornar bem as situações. Acredito que e assim que devo conduzir a minha vida sempre, com serenidade e inteligência para não magoar alguém e também não decepcionar aqueles que esperam muito da minha pessoa. Que possamos ter uma vida tranquila e correta.

Ponto Inicial – Vamos imaginar que a senhora não tenha nenhum problema de saúde. Depois da experiência como presidente do legislativo e prefeita em exercício, fica a sensação de que a senhora realmente nasceu para a política?
Geni – Com certeza. Acho que foi uma das coisas que eu aprendi a fazer bem e melhor. Jamais sozinha, sempre com o apoio da família, amigos e comunidade em geral.
Na campanha política deste ano, saí de carro mesmo sem poder dirigir e pude sentir o carinho de todos e como é bom saber que as pessoas te querem, precisam de ti e saber que tu podes ajudar de alguma forma.
É gratificante para qualquer um que, assim como eu, vive a vida da cidade todos os dias, constatar que você faz parte de tudo isso, que você, por menor que possa ter sido, contribuiu com os avanços e crescimento desta bela Caxias do Sul.

Ponto Inicial – Qual o legado que fica das eleições deste ano?
Geni – Muita baixaria. Acredito que da forma como as coisas foram conduzidas, ficou mal para as pessoas que estavam à frente destas atitudes e também àquelas que não tinham nada a ver com o que estava acontecendo. Acho que poderia ter tido outro caminho todo o circo armado dentro da prefeitura.
O prefeito é uma pessoa que nunca fez mal a ninguém. Acho que a bola bateu forte demais e acredito que hoje a justiça deve estar avaliando e revendo os acontecimentos para que tais fatos não se repitam.
Nesses anos todos acompanhei muitos episódios de invasões de terra, de bens públicos e nunca presenciei nada deste tipo. Muitas vezes não é um machucar físico, mas uma alma, um sentimento.
Ponto Inicial – Será que tem lugar para uma experiência adquirida com muito trabalho na nova administração?
Geni  Não vou me furtar de colaborar de alguma forma com o prefeito eleito Alceu Barbosa Velho. Vamos dar tempo ao tempo.
Talvez possamos ajudar mais do que fizemos na Câmara de Vereadores, quando estivemos lado a lado com o prefeito José Ivo Sartori. Acho que ele merecia esse respaldo. Vamos aguardar agora a composição do novo governo.

Sobre a Geni Peteffi
“Minha amiga, minha irmã de uma via inteira. O que mais posso dizer sobre esta pessoa. Sei que a Câmara de vereadores é a sua segunda casa, senão a primeira. Ela se dedicou à vida de Caxias na plenitude e é merecedora de todo o nosso respeito e reconhecimento da cidade”. – Édio Elói Frizzo, servidor, professor, advogado e vereador eleito no último pleito.
“Ela tem uma história pessoal, política e familiar muito acentuada e forte. O seu sobrenome fala por si só. É algo identificado com a cidade. Geni é uma pessoa gentil e sensível.
Como vereadora conquistou seis mandatos consecutivos, foi prefeita em exercício e essa honraria é para poucos. Fez isso com dignidade, não por vaidade e sim por querer participar de todas as causas.
Para uma mulher chegar a isso não deve ter sido fácil, com certeza muita barreiras foram rompidas e isso só ela é capaz de fazer. Romper barreiras”. – José Ivo Sartori, prefeito de Caxias do Sul por duas gestões consecutivas.
“Como político, conheci a Geni em 1988, fomos colegas de plenário durante oito anos e temos uma história de parceria e amizade de 24 anos, tempo em que estamos dentro do PMDB.
Tudo que vou dizer a respeito da Geni pode parecer repetitivo, mas ela é uma pessoa que se doa e muitos não sabem da metade do que ela faz e é capaz de fazer por esta cidade.
Com certeza vai deixar uma lacuna muito grande para a política da cidade o seu afastamento do cenário político, mesmo que de forma temporária. Geni sabe como ninguém o funcionamento da máquina administrativa. Uma pena realmente ela não ter concorrido a cargo eletivo este ano. Ela tem uma cabeça privilegiada e não tenho dúvida de que ainda pode contribuir muito para a cidade, com seu conhecimento e esmero.
Não seria nenhum exagero ou favor ela fazer parte do novo governo recém eleito, pois está acima da média. Sinto apenas pela sua saúde debilitada, mas de resto, qualidade, competência e conhecimento é o que não lhes falta”. – Guerino Pisoni Neto, advogado e militante do PMDB.

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