CAXIAS DO SUL - Este pensamento tem norteado as ações do Secretário da Cultura de Caxias do Sul Antônio Feldmann.
Há três anos à frente da pasta, homem de confiança do prefeito Sartori e que ganhou também por isso a confiança dos céticos que por ocasião da indicação do seu nome para assumir um trabalho até então desconhecido, rejeitaram de imediato. Foi um grande desafio, onde o espírito de equipe foi fundamental para a boa condução das muitas variantes pertinentes ao mesmo.
E ele não decepcionou e aos poucos as críticas foram sendo multiplicadas por elogios e reconhecimento ao seu jeito de ser principalmente, simples, alegre e com olhar confiante e otimista.
Com o advento Feira do Livro, praticamente deslocou a Secretaria para a Praça Dante Alighieri e foi nesse cenário que o Toninho recebeu a reportagem. Só teve uma exigência: não falaria de política. E foi o que aconteceu, falamos de arte, de cultura e de oportunidades. Acompanhe abaixo algumas considerações.
Pode se dizer que foi dada a resposta
“O meu entusiasmo contagiou a todos acredito, me emociono com as coisas, coloco o coração em tudo o que faço. Quando vejo que estou contribuindo com alguma coisa me transformo e não avalio esforços para a realização.
Não faço nada com interesses ali na frente, tudo tem que ser feito com simplicidade, assim é meio caminho andado. A possibilidade de êxito se amplia à medida em que tomamos por base aquilo que podemos e aprendemos na vida, o que canalizamos como bons exemplos. Temos que ativar e mover as pessoas e fazer com alegria.
A descrença com o meu nome há três anos atrás, me moveu principalmente na relação com as pessoas, com o grupo de trabalho. Apostei em cada um e dei tranqüilidade para todos desenvolverem o seu potencial da melhor maneira possível.
Lembro que quando acreditei no potencial cultural de Caxias do Sul quase fui crucificado e ainda hoje, volta e meia alguns insistem em denegrir tudo aquilo que fizemos de bom e que vamos continuar fazendo. Mas eu estava certo naquilo que pregava, tanto é que hoje muitos daquelas pessoas céticas e descomprometidas com a evolução das coisas vêm me agradecer e falar do bom trabalho que a secretaria vem realizando. Sempre apostei sem medo de errar e hoje toda a comunidade colhe esses frutos.”
Caxias, Capital Brasileira da Cultura
“A comunidade foi a que mais acreditou nessa possibilidade. Caxias do Sul possui sim grande potencial que ainda precisam ser explorados e aos poucos vamos fazendo isso. Muitos talentos foram revelados e despertados, temos aí pessoas se descobrindo e mostrando a outras pessoas a sua veia artística. Esses talentos precisam apenas de um incentivo e um palco. Caxias é esse palco.
Falo com emoção sobre essas coisas e às vezes sou criticado por isso, mas não tem problema, temos que nos emocionar mesmo e colocar o coração à frente de qualquer coisa que vamos empreender.
Mas devo tudo às pessoas maravilhosas que estão na Secretaria Municipal da Cultura, é gente que não mede esforços para cumprir com os objetivos, todos se dedicam dia e noite para realizar bem tudo aquilo que se propõem.
Se hoje está havendo uma seqüência e avanços na cultura, se deve basicamente à sustentação que estamos tendo dessas pessoas. E Caxias também já está coesa conosco. Queremos comida, diversão e arte. E isso é um caminho sem volta. Seja qual for o governo que venha a assumir a prefeitura a partir de 2013, deve haver um esmero para ter continuidade, pois essa é uma ação da comunidade que se apropriou da cultura e vai exigir sequencia”.
Cultura popularizada
“A popularização da cultura é a biblioteca nos bairros, ações culturais nas escolas de bairro, estamos plantando sementes de bairros.
Talvez para muitos possa ser besteira, mas existem bibliotecas dentro das reciclagens de lixo, as pessoas estão fazendo bibliotecas com ações espontâneas, livros que vão para o lixo estão sendo recolhidos e transformados em incentivos para todas as pessoas. Isso é maravilhoso e gratificante”.
Quebrando paradigmas
“Não podemos criar rótulos, isso é fácil de fazer, o difícil mesmo é desconstituir. Acredito que com a convivência com culturas diferentes é que Caxias vai deixando de lado os estereótipos e rótulos. As várias manifestações culturais vão sendo ferramentas agregadoras na promoção de ações de arte e cultura existentes na cidade nos dias de hoje.
Para que se promova e respeite as diversidades não precisamos eliminar a identidade cultural de cada local.
Não temos que combater isso em favor daquilo, todos precisamos viver dentro do mesmo espaço, com suas diferenças de pensamentos, sem descaracterizar as diversas manifestações culturais legítimas, elas precisam conviver bem entre si, respeitando a identidade de cada uma.
Vivemos numa cidade plural, multicultural e devemos promover todos os segmentos e as manifestações de grupos e pessoas. Somos negros, mestiços, alemães, holandeses e não deve existir nenhuma distinção entre as raças”.
Dificuldade para aceitar o novo
“Sei bem conviver com as críticas, sou igual a todo mundo, não quero me destacar, não faço esse tipo de discurso. Talvez eu tenha as minhas particularidades e muitos me aceitam porque são identificados com as minhas idéias, pensamentos e atitudes.
A gente também precisa que as pessoas nos ajudem dizendo onde estamos errando ou acertando. Tenho a noção muito clara das minhas fraquezas. Pelas minhas características, procuro jamais fazer nome em cima de alguém.
O bom exercício é falar bem daquelas pessoas que não gostam de você por essa ou aquela razão, apenas devemos tomar cuidado para isso não ser uma coisa gratuita. Sou franco, me exponho colocando o meu pensamento e me posiciono se entender que isso ou aquilo não seja correto ou justo”.
Confiança se adquire, não se compra
“A confiança é passado pelo exemplo, pelos atos, hoje em dia diante de todos os recursos tecnológicos, vide rede social, é muito claro a grande exposição que temos e não poderia ser diferente, estamos ao mesmo tempo fazendo parte de uma administração pública e conseqüentemente tudo aquilo que falamos ou realizamos, repercute ainda mais forte.
Mas a confiança é fundamental, temos que ter a liberdade de delegar uma tarefa e ter a certeza que vai ser feito, independente de qualquer coisa. É a garantia de que será feito dentro do melhor possível, mesmo que à vezes possa sair diferente. Mas antes de qualquer coisa, tentar com o mais de esmero e dedicação.
Temos que ter a grandeza e a humildade para fazer autocrítica como sinal de que errar é possível, mesmo diante do melhor empenho possível”.
A praça é o palco onde a prostituta, o doutor, o rico e o pobre dividem o mesmo espaço
“A cultura é algo transformador. Às vezes temos que ser diretos e saber que estamos sujeitos a escandalizar pela necessidade do momento.
Isso é uma maneira de considerar o outro. Não podemos desprestigiar as pessoas que têm pensamentos e atitudes diferentes da nossa.
Determinadas pessoas estão em outra condição, em outra situação. Precisamos pensar, chocar com algo que não cabe no contexto do momento para chamar a atenção das pessoas sobre os fatos que estão ali na sua frente. Elas precisam sair do seu foco e olhar à sua volta aquilo que está acontecendo.
Temos que nos colocar na pele de outro e diminuir a hipocrisia. E a violência muitas vezes é fruto dessa falta de entendimento e compreensão do outro.”
Projetos para a vida toda
“Tenho muitas idéias na cabeça, o meu grande ideal na cultura é que a gente possa criar mecanismos e espaços para a criança de alguma forma poder desenvolver suas aptidões culturais e artísticas, que elas possam todas, te acesso a essas ferramentas de inclusão e de interação com o mundo e as pessoas, enfim, que cada região da cidade tenha o seu centro de cultura com sua biblioteca.
No salão da igreja, no centro de cultura, na associação de moradores, que todos tenham acesso. Já temos 20 bibliotecas espalhadas pelos bairros de Caxias. Muito ainda precisa ser feito, talvez isso demore um pouco, mas ainda veremos isso acontecer um dia”. (Texto Laudir José Dutra/Foto Ponto Inicial)
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