Telmo foi afastado devido a suspeita de envolvimento de oficiais da Brigada Militar (BM) em caso de agressão e tortura contra cinco jovens em Flores da Cunha no final do ano passado, o que teria ocasionado sua queda e de mais três oficiais que tinham postos de comando na região.
Coronel Telmo Machado de Sousa – Era o comandante do CRPO/Serra, cargo mais alto da BM na região. Antes de chefiar o órgão administrativo, comandou o 12º BPM, de Caxias do Sul, entre 2004 e 2005. Destacou como um dos maiores méritos do seu comando a redução dos índices de violência a partir do segundo semestre de 2007. Atribuiu essa diminuição a uma ação mais incisiva da BM nas barreiras fixas e móveis nas principais cidades.
O Coronel Barros, que atuou como Comandante Regional do Vale do Sinos, onde teve destacada participação no combate à criminalidade, encara esta oportunidade como um grande desafio em sua carreira. “Eu já poderia estar na reserva há cinco anos, mas gosto de desafios e o fato de nunca ter trabalhado na serra, é um grande desafio”.
Para Barros, a quantidade do efetivo, no entanto não significa resultados positivos. “Ficamos sempre preocupados com os altos índices de criminalidade em qualquer lugar e aqui não poderia ser diferente, mas a qualificação do efetivo é o fator determinante para o bom trabalho desenvolvido e vamos perseguir esse objetivo em detrimento de um maior número de policiais a nossa disposição”.
Desde que assumiu o comando do CRPO/Serra, o maior desafio do comandante tem sido diminuir os homicídios e identificar as mazelas da sociedade como traficantes e assaltantes de bancos, caixa eletrônicos e a pessoas e para sua satisfação, tem conseguido outro feito, a captura de foragidos da justiça.
“Essa tem sido nossa bandeira desde que chegamos aqui em Caxias. Desde o início do ano, já prendemos 237 foragidos. Em junho foram 50 e em julho, até o presente momento já passa de 28 (dia 15/07/2011, da entrevista). O número de mandatos de prisão expedido no Rio Grande do Sul é muito grande e á medida em que os juízes estão realizando o seu trabalho, vamos cumprindo essa determinação”.
Sobre os entraves que muitas vezes dificultam o trabalho da polícia, o coronel salienta que são inerentes ao trabalho e dizem do aspecto de cada lugar. “Caxias como cidade grande, tem os problemas pertinentes a ela. Estamos satisfeitos com o trabalho e não com a situação. Podemos fazer mais e vamos continuar aprimorando nossas técnicas em busca dos melhores resultados”.
Ponto Inicial - Por que são verificados aqui índices de criminalidade tão elevados?
Coronel Barros – Por Caxias do Sul ser uma cidade com grande circulação de dinheiro, com muitos postos de trabalho, isso ocasiona a migração de pessoas em busca de emprego, mas nem todos têm a qualificação necessária para disputar em igualdade de condições, infelizmente alguns optam pelo crime.
PI – Sobre o abrandamento e as mudanças nas leis.
Barros – Lamentavelmente a legislação se apresenta cada vez mais permissiva e isso só aumenta a criminalidade. Como profissionais de segurança pública temos que segurar o cumprimento da Lei, seja ela boa ou ruim, mas temos que lidar com isso.
PI – As trocas freqüentes de comando, até que ponto são positivas?
Barros – A movimentação a nível de soldados e sargentos não é muito grande, mas a nível de comando não existe estes privilégios de mobilidade, então existe a opção de transferência entre dois e três anos.
Mas ao contrário do que algumas pessoas pensam, vejo isso como benéfico, pois num período de quatro anos podemos desenvolver um trabalho satisfatório. Esse tempo médio nos oportuniza também o conhecimento e a experiência em outras frentes de trabalho, até mesmo para não haver a saturação.
PI – O que se deve a redução das ocorrências em Caxias do Sul?
Barros – O dado homicídio é o evento analisado a nível universal para determinar a violência. Esse ano os números estão menores do que no mesmo período de 2010 e deve permanecer assim. São diversos os fatores que corroboram para que isso fosse possível, mas é inegável que a BM teve uma mudança na forma de emprego e no resultado da prestação do serviço, contribuindo significativamente para prisões e apreensões de drogas.
O policial militar nas ruas está mais visível e atuante. Como comandante não posso deixar de registrar o desempenho dos oficiais militares no cumprimento do seu dever diariamente.
PI – A recuperação da imagem da BM nos últimos anos ficou evidenciada a partir de qual momento?
Barros – A melhoria da imagem da Brigada Militar está vinculada ao maior número de acertos. O nosso trabalho como prestadores de serviço público é de muita visibilidade e quando erramos aparece com muito destaque, como não poderia deixar de ser, afinal de contas, lidamos com vidas. A profissão não permite erros.
Estamos a 33 anos na segurança pública e acostumados a trabalhar sem muito reconhecimento, isso é inevitável. Por maior que sejam os nossos acertos, os erros sempre farão a diferença.
Texto e Foto Ponto Inicial
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