Denise Pessôa: “É injusto dizer que somos parte integrante das cotas dentro da política”.


CAXIAS DO SUL - Primeiro mandato, primeiros passos dentro de uma carreira que promete ser promissora. Idéias autônomas, boa oratória e um conhecimento que aos poucos vai ganhando e contabilizando admiradores.
     Esta é Denise Pessôa, funcionária pública, ex-assessora da deputada estadual Marisa Formolo, que tem a missão de consolidar um mandato exercido com muita lisura e dedicação juntamente com outros nomes importantes dentro do Partido dos Trabalhadores. A reportagem foi ouvi-la e traz com exclusividade as considerações desta acessível política.

Mandato consolidado e passado a limpo

     “Um mandato não tem um fim e tenho muitas demandas para encaminhar, fora ou dentro da câmara, quem se dispõe a trabalhar publicamente pelas pessoas, tem muitas perguntas e respostas que nem sempre são aquelas que gostaríamos de fazer ou dar. Mas estamos sempre aprendendo e os diversos problemas que existem para serem solucionados dizem de tudo isso, pois eles nos chamam para trabalhar.
    
Tenho a noção do meu papel aqui dentro da câmara, por ser jovem e trabalhar especialmente para esses, objetivos como formar novas lideranças que nos dão garantia de maior participação no futuro estão na ordem do dia de nossa atuação.
     Acho que o jovem está mudando sua forma de participar, principalmente através das redes sociais pela internet, isso abre a possibilidade de criar uma massa mais crítica com relação a todos os assuntos que permeiam as ações das pessoas, por conseguinte, a ação dos políticos.
     Nada existe sem a política, tudo gira em torno dela, é a questão do meio ambiente, o consumismo e a forma de agir no dia a dia. Aliás, esse tema talvez seja aquele que mais agrega jovens nos dias de hoje, mais pela preocupação com a qualidade de vida para as gerações que ainda virão. Esse é o nosso grande debate, discutir políticas públicas que dê sustentação e embasamento a tantas demandas que nos são impostas”.

Fazer oposição ou ser oposição são coisas distintas

     “Hoje posso falar que sou oposição, não vivi os dois lados, então ser oposição ou estar na oposição são coisas que para mim não são distintas nem tão pouco iguais.
      Mas na nossa atuação enquanto oposição sugerimos a pauta e denunciamos quando entendemos que existem problemas. Posiciono-me sobre alguns fatos, como a derrubada de casas de pessoas pobres no Alto da Maestra e irregularidades com funcionários da FAS, mas jamais de forma irresponsável, sistemática.
     Fazemos sugestões, aceitamos sugestões e junto com a comunidade, procuramos dar encaminhamento e a prefeitura tem nos atendido nesse sentido, independente de quem esteja no poder, o mais importante é manter o bom diálogo e ter sempre a coerência de que a resolução dos problemas não passa por cores partidárias e sim pela disposição dos governantes em resolver as questões”.

Liberdade e autonomia caminham lado a lado

     “Dentro da Câmara todos somos livres para colocar a nossa opinião. A divergência é natural no parlamento, caso contrário, não teria motivos para existir. Acredito que isso seja uma coisa tranqüila para mim, temos as nossas divergências políticas, mas tudo fica no plenário”.

Em defesa dos 23 vereadores

     “Sempre defendi a idéia de que em favor da democracia deva existir maior representatividade dentro da câmara e essa oportunidade não podemos desperdiçar de maneira alguma. Não vejo isso como excesso e sim uma necessidade de inclusão e de representatividade. Temos população para isso, a lei é bem clara quanto à correspondência do número de habitantes com o número de vereadores. Muitas cidades mantêm um número excessivo de parlamentares e não têm população para representar. Acho justo, temos que pensar nas minorias que estão desassistidas, como os negros, as mulheres, os homossexuais, por exemplo, tão discriminados e que não tem ninguém que os represente, mas nem por isso será fácil entrar, o coeficiente será o mesmo e o número de candidatos se multiplicará. Vamos encontra mais dificuldades do que no primeiro mandato”.

A atuação da mulher na política

     “É bem mais difícil para mulher com certeza, ser minoria em um mundo machista é bem mais complicado do que parece. Existe toda uma cultura de que a mulher foi feita para gerar filhos e cuidar da casa, em função disso a resistência é maior, principalmente partindo do pressuposto de que fomos feitas para exercer atividades que dizem respeito ao âmbito do lar. Ainda somos vistas como parte integrante das cotas necessárias dos partidos em qualquer eleição e isso às vezes não condiz nem de longe com a realidade das coisas.
     Fazemos as nossas escolhas e, por conseguinte, renunciamos a muitas outras coisas, mas não podemos desistir daquilo que entendemos ser o nosso norte. O homem não deixa de ser homem quando participa ativamente da condução de uma casa, então a mulher não pode receber essa carga pesada quando decide participar da política ou outra atividade que não seja o lar”.

As eleições 2012 estão batendo à porta

     “Estamos fazendo as nossas discussões internas. O Partido dos Trabalhadores vive um momento positivo com a presidente Dilma Roussef e com o companheiro Tarso Genro no governo do estado, realizando um mandato voltado para as políticas sociais.
     Nesse primeiro momento vamos discutir internamente, construindo nosso projeto de governo e buscando alianças para compor nossa plataforma para dirigir a cidade.
     Estamos numa situação interessante. Temos três candidatos sabido por todos que são o Pepe Vargas, a Marisa Formolo e o Marcos Daneluz, todos em iguais condições e fortes, isso é bom e dá a dimensão de que temos uma linda história. Vamos avançar nas discussões sem medo de que bem ali na frente teremos problemas, pois amadurecemos bastante e saberemos no momento oportuno, declinar aquele que reúne as melhores condições de nos representar.
     Mas reconhecemos outras lideranças que não estejam colocando seus nomes para a apreciação. O PT foi construído com várias correntes e o nosso entendimento é de que esses nomes que aí estão são oriundos de três fortes correntes.
     Quando a nossa candidata Marisa Formolo concorreu com o atual prefeito existia a questão de que seria em igualdade de condições, entendíamos que teríamos a oportunidade de vencer, então a diferença de pouco mais de 10 mil votos em favor do vitorioso foi amplamente justificada. Na vez de Pepe Vargas a diferença aumentou, mas não em função do maior ou menor poder de enfrentamento, mas sim na diferença de que a caneta tem o poder soberano.
     Acreditamos que no primeiro mandato a atual administração realizou um trabalho melhor, até em função de que foi dado prosseguimento aos encaminhamentos dado por Pepe enquanto prefeito. Não tenho essa mesma visão no segundo mandato, o continuísmo foi prejudicial para as pretensões da cidade, haja vista alguns graves problemas verificados, principalmente na área da saúde, com uma greve que já dura quase dois anos”.

Estacionamento na cidade é tema pontual em todas as discussões

     “Nosso projeto dando conta do fim da cobrança de estacionamento no comércio de massa, principalmente naqueles que geram impacto no trânsito é algo que deve ser visto com carinho, pois certamente estudos são feitos em cima dessa matéria. Não achamos justo de que mesmo consumindo nesses locais, as pessoas ainda tenham que pagar para estacionar seus carros. Queremos democratizar o acesso e o direito de ir e vir das pessoas. Se eu consumo não posso pagar o estacionamento, existe essa prerrogativa em muitos locais como nos hipermercados que adotaram o sistema de tickets com código de barras e dão tolerância, mesmo que o cliente não consuma nada. E se consumir, passa no caixa, libera a saída e pronto, sem custo algum. A pessoa já paga altas taxas de impostos mediante a compra de qualquer produto”.

Direitos Humanos: comissão permanente da câmara se esmerou

     “Trabalhamos especialmente na defesa das pessoas com deficiência e a inclusão no mercado de trabalho. A questão da acessibilidade, dos direitos infantis com a falta de creches. Defendemos as famílias que têm invariavelmente suas vidas invadidas por decisões absurdas como as casas que foram derrubadas no Alto da Maestra pela prefeitura. Temos que ver a amplitude da Comissão dos Direitos Humanos.
     Agora entramos na discussão dos 50 anos da Legalidade no Brasil, estamos debatendo todos os aspectos que envolvem e desmistificando a idéia de que a ditadura era boa e que as pessoas perseguidas eram bandidas. Enquanto movimento acreditamos que esses debates são importantes e valorizam a democracia em que estamos inseridos.
     Quanto á segurança, não abrimos mão e tem nos tomado bastante tempo. Temos nos reunidos com todos os órgãos que dizem respeito a esse tema para equacionar os graves problemas que estão aí na ordem do dia. Bandido tem que ser preso, mas não queremos escolas de presos, temos que ter políticas para a inserção dessas pessoas na sociedade”.

Bons pensamentos constrói…

     “Se todos os políticos tivessem o compromisso com o seu partido e com as diretrizes internas do mesmo, as pessoas teriam a exata clareza sobre a atuação e forma de conduzir as coisas. Um partido não existe sem as pessoas e o Partido dos Trabalhadores tem esse senso democrático, só por aí já se explica as muitas correntes internas existentes”.
(Fotos Ponto Inicial)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...