Jaguari, abençoada por Deus e bonita por natureza

A cidade de Jaguari está num vale encantado passando Santa Maria, 103 quilômetros depois..

Por Laudir Dutra – laudir43@yahoo.com.br
TURISMO  - Que o refrão de uma letra de música contida no título desta matéria sirva de alento para os quase treze mil moradores que ainda acreditam que um lugar como este jamais vai se acabar.
Com certeza não sairá da mente daqueles tantos que deixaram suas coisas, família, pais, mães, avós, tios e tias em busca da terra prometida. Acreditavam que longe de Jaguari as coisas pudessem ser mais fáceis, com aprendizado, conhecimento sobre os avanços da tecnologia e uma melhor condição de vida material.
O Balneário Fernando Schiling foi a coqueluche dos veranistas na década de 70.

Mas a inversão das prioridades e da importância das coisas na vida da gente, muitas vezes nos leva a arrependimentos, com danos irreparáveis, afinal de contas, nada é mais importante do que o lugar da gente, dos amigos de infância, dos nossos antepassados e aquilo que ajudamos a construir, mesmo que apenas com a nossa alegria por mais um dia de verão na beira do rio, um sorvete ofertado por um vendedor de picolés na caixa de isopor e pelo viveiro de peixe recém pescado.
O Obelisco visto do Capejar, um das poucas e boas áreas de lazer da cidade..

Ao contrário do que pensam esses tantos que deixaram sua terra natal Jaguari para morar em diversas cidades do Rio Grande do Sul, a vida pode ser melhor no lugar que deixaram para trás, é hora de retornar a acolher as praças, os monumentos, as ruas e suas casas centenárias.
Avistar de cima do Obelisco tantas coisas boas, belas paisagens de um lugar que resiste ao tempo e se guarda para receber os seus filhos de volta.
CAPEJAR - Clube de Caça e Pesca de Jaguari

Quando estiverem voltando, esses filhos devem pedir a bênção para a mãe que emprestou-os por um tempo, para que eles conhecessem o mundo lá fora. Ter na mente, que saudade nenhuma pode ser tão grande quanto o reconhecimento e a necessidade de voltar para o seu lugar, aquele que jamais deveria ter deixado um dia.
Sentimentos que se cruzam e que se completam. Quem é jovem sonhador e tem os acessos às tecnologias do mundo moderno, das grandes cidades, não sabe o que os espera e se joga, simplesmente idealiza uma imagem, uma situação e vai, assim como os surfistas, em busca da onda perfeita.
Mas quando se viveu tudo isso, os cabelos grisalhos, marcas do tempo no rosto se percebe que a vida deve ser vivida sim, mas com qualidade. Talvez um plano de governo qualquer que facilita a casa própria propagando qualidade de vida em uma casa ou apartamento com 60 m², onde você não pode assar uma carne aos domingos para não ir fumaça para dentro da casa do vizinho e que a única grama que você pisa é a de algum parque qualquer, não seja o exemplo mais real do que seja viver com qualidade de vida. Só aí nos damos conta de tudo aquilo que deixamos de viver e voltamos.
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                                                                                                                                 A história contada resumidamente
As primeiras famílias italianas chegaram a Jaguari – localizado na região Centro-Oeste do Rio Grande do Sul, a 401 Km de Porto Alegre – em 1888, vindas de Silveira Martins, quarta colônia da imigração italiana no Estado. Até o século XVII o local era habitado por índios Guaranis, que posteriormente foram catequizados pelos jesuítas.
Em 1889, foi fundado o núcleo colonial Jaguari, de origem Guarani. “Jagua-hy”, que significa Rio do Jaguar. A emancipação do município ocorreu anos mais tarde, em 1920.
Os italianos, de posse de lotes de terras, foram colonizando-as, com muitas dificuldades, sendo que também colaboraram os imigrantes alemães, húngaros, poloneses, russos e portugueses.
De clima temperado e relevo bastante acidentado, entremeado de vales, cerros e chapadas, Jaguari guarda uma das mais belas paisagens da região.
Jaguari possui uma população de 12 mil habitantes, destes aproximadamente 50% na área urbana. Sua base econômica é a agricultura e a pecuária. Constitui-se em um município com potencialidades turísticas invejáveis. Ao longo de sua história adquiriu alguns cognomes, como: “Terra do Vinho”, Terra da Imigração Italiana”, “Terra da Hospitalidade”, “Terra das Belezas Naturais” e “Terra do Grito do Nativismo Gaúcho de Jaguari”.
A cidade é cortada pelo Rio do Jaguar, ou Rio das Onças. À sua direita, numa curva entre a mata exuberante, está o Balneário Fernando Schiling. À sua esquerda, também às suas margens, é realizada a festa máxima da cidade, “O Grito”, que acolhe visitantes da região sul. É realizado em plena mata, em um pavilhão que acolhe milhares de pessoas no Clube de Caça e Pesca, que se torna uma verdadeira cidade de lona, tendo infraestrutura para bem receber o turista sob suas sombras e, à noite, o barulho das cachoeiras unem-se às canções, formando plena harmonia entre as barracas. Do local onde se realiza “O Grito”, vê-se o Obelisco, cerro no qual em 1922 foi erguido no topo um monumento para homenagear o Centenário da Independência do Brasil. Para lá chegar, percorre-se uma trilha que, da base ao cume, atinge 100m de altura e nos leva a passar por 15 marcos entalhados em pedra, representando as estações da Via Sacra, e a Gruta N. Sra. de Lurdes.
O último trem passou em 1978, mas a preservação é muito grande em torno da linha férrea..


Uma cidade que diminui
No auge de sua pujança, a cidade já teve mais de 25 mil habitantes, muitos campos que hoje servem apenas de pastagens, já foram imensos tapetes verdes de lavouras de soja, milho e hortaliças, servindo de referência para muitas outras localidades. A agricultura familiar perdeu muito da sua força, mais em função de que não há mão d obra para tocar o negócio e também por falta de incentivos dos governos quanto ao custeio e escoamento da safra.
Num passado nem tão distante assim, o Balneário Fernando Schiling recebia na temporada de veraneio, milhares de pessoas oriundas de cidades visinhas e também da capital. Muitos que retornavam para rever a sua terra natal e outros tantos que, trazidos por estes, se encantavam e passavam a incluir a cidade nos seus roteiros de férias.
Esporte e Lazer
O Estádio dos Eucaliptos do Esporte Clube Jaguari foi palco de grandes embates entre times da região. Por lá já desfilaram clubes tradicionais do RS como Inter SM, Riograndense também de Santa Maria, Cruzeiro de Santiago, São Borja, equipes de Cacequi, São Vicente do Sul, São Francisco de Assis e até veteranos de Inter e Grêmio da capital.
Em dias de jogos praticamente toda a cidade se envolvia. Com as arquibancadas lotadas a bilheteria acolhia boa renda que servia para manter a estrutura funcionando, sendo esta, uma das poucas formas de lazer para a população, além das ‘carreiras’ de cavalos realizadas pelos piquetes e CTGs da cidade.
A população ainda acredita que tudo isso possa ser retomado, pois a estrutura física ainda existe, falta apenas incentivos e denodo da administração pública, que sem recursos acaba deixando muitas coisas no esquecimento.
Os moradores solicitam ainda que o poder público possibilite opções de lazer para as mulheres. As poucas opções de lazer, Capejar – Clube de Caça e Pesca e Reserva Cerro Chapadão são insuficientes para atender as necessidades e oportunizam esportes essencialmente masculinos como futebol de campo, areia, vôlei e tênis. Seriam necessários outros espaços, além é claro, recuperar e cuidar melhor dos que já existem.
Rio Jaguari de tantas coisas boas: pescaria, acampamento, churrascos ao ar livre..

Rio Jaguari
Com suas águas límpidas e uma vegetação que mais parecem cartões postais de grandes centros turísticos espalhados pelo país e diversas partes do mundo, o rio Jaguari significa muito para a cidade. Apesar de muitas vezes representar um risco para as pessoas que moram nas partes mais baixas da cidade, do outro lado da ponte, principalmente na Vila COHAB, pois em épocas de constantes chuvas, seja em Jaguari ou em cidades acima, ocorrem as cheias, mesmo assim, acaba via de regra, se tornando uma atração para todos, que monitoram as águas, demarcam as áreas e comentam nas redes sociais, postando fotos e vídeos.
Para o prefeito João Mário Cristofari, nada poderia ser melhor do que recuperar e trazer de volta os filhos da cidade. “Eu sonho com uma cidade pujante, com uma economia estável. Já tivemos em torno de 30 mil habitantes e voltarmos a esse patamar seria maravilhoso”, salienta. (Fotos Ponto Inicial)

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